Rosiska Darcy

Rosiska Darcy de Oliveira
Rosiska Darcy
Cerimônia de posse da escritora Rosiska Darcy de Oliveira na Cadeira 10 da ABL. Foto: Pércio Campos
Nascimento 27 de março de 1944 (80 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Nacionalidade brasileira
Ocupação Jornalista, escritora e acadêmica
Assinatura

Rosiska Darcy de Oliveira (Rio de Janeiro, 27 de março de 1944) é uma jornalista, escritora e acadêmica brasileira. Foi eleita em 11 de abril de 2013 para a cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo Lêdo Ivo, falecido em 23 de dezembro de 2012.[1] Suas obras tratam principalmente de temas como o feminismo, a educação e a vida contemporânea.[2][3] Foi também uma ferrenha opositora da ditadura no país, instaurada pelo Golpe de 1964.[4]

Biografia

Nascida no Rio de Janeiro em 1944, realizou o curso normal no Instituto de Educação, onde teve seus primeiras experiências com a produção jornalística.[2] Formou-se em Direto pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e iniciou nos anos 1960 sua carreira como jornalista em diversos periódicos.

Durante sua juventude conheceu o seu futuro marido, o diplomata Miguel Darcy de Oliveira; em 1969, ele iniciou a carreira diplomática e os dois partiram para Genebra, de onde denunciariam a tortura no Brasil. Em fevereiro de 1970, Miguel foi chamado de volta ao Brasil e ficou 40 dias preso no Itamaraty. Nessa época, a Rosiska diz que foi interrogada por 12 horas na embaixada brasileira, o que ela também denunciou a organismos internacionais. Rosiska e o marido voltariam a se encontrar, depois, na Europa.[4]

Por suas atitudes contrárias à Ditadura Militar, Rosiska se viu forçada a exilar-se em Genebra, onde ficou por dez anos.[4] Na Suíça conheceu o educador brasileiroPaulo Freire, isto direcionou o trabalho de Rosiska ao campo da educação, corroborado pelo contato com Jean Piaget na Universidade de Genebra. Em 1971, fundou, com Freire, o Instituto de Ação Cultural, promovendo a reconstrução educacional dos países africanos de língua portuguesa após sua independência.[3]

Tem forte participação no movimento feminista, publicando vários ensaios sobre a mulher na sociedade e criando na Universidade de Genebra - onde obteve seu doutorado e lecionou por uma década - um curso sobre o feminino.[3] Retornou ao Brasil em 1983,[2] prosseguindo o trabalho com educação e feminismo e sendo assessora do vice-governador do Rio de Janeiro, Darcy Ribeiro, por quatro anos. Em 1991, fundou a Coalizão de Mulheres Brasileiras, que presidiu, e, em 1995, foi nomeada presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, responsável pela adoção de medidas promotoras de igualdade de gênero.[3]

Co-presidiu a delegação brasileira na Conferência Mundial da Mulher, participou do Conselho Mulher e Desenvolvimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento e representou o Brasil na Comissão Interamericana de Mulheres da Organização dos Estados Americanos. Defendeu a criação e foi a primeira presidente da Reunião Especializada da Mulher no Mercosul. Participou de projetos da ONU e da UNESCO.[3]

Entre 2007 e 2015, presidiu o movimento Rio Como Vamos, que promove participação e responsabilidade cidadãs. Foi vice-presidente de Cultura da Associação Comercial do Rio de Janeiro, de cujo Conselho Diretor é membro, e participa do Conselho Técnico da Confederação Nacional da Indústria, do Instituto Brasileiro de Defesa do Deficiente, do PEN Clube do Brasil e do Conselho Científico do Museu do Amanhã.[3]

Em 2019, o documentário Elogio da liberdade[5], sobre sua vida, estreou na TV por assinatura através do no Canal Max em 31 de março. Dirigido pela atriz Bianca Comparato, O filme revela a história de vida de Rosiska desde a infância em uma tradicional família burguesa do Rio de Janeiro até os dias atuais, passando pela entrada na universidade, quando o Brasil mergulha no regime militar, e pelo exílio de dez anos na Europa.

Condecorações e prêmios

Destacam-se, entre outros:[3]

Obras

  • A Libertação da Mulher, Lisboa: Sá da Costa Editora, 1975
  • Ivan Illich e Paulo Freire: A Opressão da Pedagogia e a Pedagogia dos Oprimidos, Lisboa: Sá da Costa Editora, 1977
  • Vivendo e Aprendendo (co-autoria), São Paulo: Editora Brasiliense, 1980
  • Le Féminin Ambigu, Genève: Editions du Concept Moderne, 1989
  • O Elogio da Diferença: o feminino emergente, São Paulo: Editora Brasiliense, 1991
  • La Culture des Femmes: tradition et innovation, Paris: UNESCO, 1992
  • In Praise of Difference: the rise of global feminism, New Brunswick, New Jersey: Rutgers University Press, 1998
  • A Dama e o Unicórnio, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2000
  • Outono de Ouro e Sangue, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2002
  • Reengenharia do Tempo, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2003
  • A Natureza do Escorpião, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2006
  • Chão de Terra, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2010
  • Elogio da liberdade (ensaios), Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2013
  • Baile de máscaras (crônicas), Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2013
  • Pássaro louco, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2016.
  • Liberdade, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2021.

Referências

  1. «Rosiska Darcy de Oliveira: Perfil da Acadêmica». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  2. a b c Lima, Ludmilla (28 de dezembro de 2014). «O tempo particular da imortal Rosiska Darcy de Oliveira». O Globo. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  3. a b c d e f g «Rosiska Darcy de Oliveira: Biografia». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  4. a b c «Documentário conta história de engajamento e luta de Rosiska Darcy de Oliveira». jornal O Globo. 31 de março de 2019. Consultado em 31 de março de 2019 
  5. «Documentário 'Elogio da Liberdade' exalta trabalho de Rosiska Darcy de Oliveira». O Estado de S.Paulo. 2019. Consultado em 31 de maio de 2020 

Ligações externas

  • Umas Palavras - episódio 74 - Rosiska Darcy de Oliveira
  • Bibliografia completa de Rosiska Darcy de Oliveira
  • Discurso de posse na ABL
  • Discurso de recepção na ABL

Precedido por
Lêdo Ivo
ABL - sexto acadêmico da cadeira 10
2013 — atualidade
Sucedido por


  • v
  • d
  • e
Cadeiras 1 a 10
1 (Adelino Fontoura)
2 (Álvares de Azevedo)
3 (Artur de Oliveira)
4 (Basílio da Gama)
5 (Bernardo Guimarães)
6 (Casimiro de Abreu)
7 (Castro Alves)
8 (Cláudio Manuel da Costa)
9 (Gonçalves de Magalhães)
10 (Evaristo da Veiga)
Cadeiras 11 a 20
11 (Fagundes Varella)
12 (França Júnior)
13 (Francisco Otaviano)
14 (Franklin Távora)
15 (Gonçalves Dias)
16 (Gregório de Matos)
17 (Hipólito da Costa)
18 (João Francisco Lisboa)
19 (Joaquim Caetano)
20 (Joaquim Manuel de Macedo)
Cadeiras 21 a 30
21 (Joaquim Serra)
22 (José Bonifácio)
23 (José de Alencar)
24 (Júlio Ribeiro)
25 (Junqueira Freire)
26 (Laurindo Rabelo)
27 (Maciel Monteiro)
28 (Manuel Antônio de Almeida)
29 (Martins Pena)
30 (Pardal Mallet)
Cadeiras 31 a 40
31 (Pedro Luís)
32 (Manuel de Araújo Porto-Alegre)
33 (Raul Pompeia)
34 (Sousa Caldas)
35 (Tavares Bastos)
36 (Teófilo Dias)
37 (Tomás António Gonzaga)
38 (Tobias Barreto)
39 (Visconde de Porto Seguro)
40 (Visconde do Rio Branco)
  • Portal da Literatura
  • Academias de letras do Brasil
  • Portal da Academia Brasileira de Letras
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