Bernardo Élis

Bernardo Elis
Bernardo Élis
Nascimento 15 de novembro de 1915
Corumbá de Goiás
Morte 30 de novembro de 1997 (82 anos)
Corumbá de Goiás
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Poeta, contista e romancista
Prémios Prémio Jabuti 1968

Bernardo Élis Fleury de Campos Curado (Corumbá de Goiás, 15 de novembro de 1915 – Corumbá de Goiás, 30 de novembro de 1997) foi um advogado, professor, poeta, contista e romancista brasileiro. Foi o primeiro e único goiano a entrar para a Academia Brasileira de Letras.[1]

Seu pai, Érico Curado, considerado o poeta de maior e expressão do simbolismo na terra de Anhanguera, era de família tradicional, porém só pôde proporcionar uma criação humilde aos filhos.[carece de fontes?]

Biografia

Filho do poeta Érico José Curado e de Marieta Fleury Curado, iniciou o estudo das primeiras letras com o pai, em casa. Passou o ano de 1923 na casa do avô materno, na capital do Estado, onde se matriculou no Grupo Escolar. Depois retornou para Corumbá continuando os estudos com o pai, de quem viria o estímulo para as letras. Aos doze anos escreveu o primeiro conto, inspirado em “Assombramento”, de Afonso Arinos. Em 1928, viajou com a família para Goiás, então capital do Estado, onde fez o curso ginasial no Liceu. Ampliou suas leituras, principalmente de Machado de Assis, Eça de Queirós e dos autores modernistas. Após a interrupção dos estudos por dois anos, em 1940 concluiu o curso clássico no Liceu de Goiânia. Em 1945, formou-se na Faculdade de Direito, sendo orador de sua turma.

Iniciando-se na função pública, em 1936, como escrivão da Delegacia de Polícia em Anápolis, foi nomeado escrivão do cartório do crime de Corumbá. Participou, desde 1934, dos acontecimentos literários do Brasil central, escrevendo poesias e enviando colaborações de cunho modernista para os jornais de Goiânia. Em 1939 transferiu-se para Goiânia, onde foi nomeado secretário da Prefeitura Municipal, com exercício das funções de prefeito por duas vezes.

Em 1942, mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de aí fixar-se. Trazia um livro de poesias e outro de contos, que pretendia publicar. Sem realizar seu intento, retornou a Goiás. Fundou a revista Oeste e nela publicou o conto “Nhola dos Anjos e a cheia de Corumbá”. Em 1944, seu livro de contos Ermos e gerais foi publicado pela Bolsa de Publicações de Goiânia, obtendo sucesso e elogios de toda a crítica nacional. Nesse ano casou-se com a poetisa Violeta Metran. Em 1945, participou do 1º Congresso de Escritores de São Paulo, quando conheceu vários literatos nacionais, entre os quais Aurélio Buarque de Holanda, Mário de Andrade e Monteiro Lobato. Voltando para Goiânia, fundou a Associação Brasileira de Escritores, da qual foi eleito presidente. Ingressou no magistério como professor da Escola Técnica de Goiânia e do ensino público estadual e municipal. Em 1955, publica o livro de poemas Primeira chuva.

Nos anos subsequentes, dedica-se ao magistério e à vida literária. Foi cofundador, vice-diretor e professor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás, daí passando a professor de Literatura na Universidade Católica de Goiás e em vários cursos preparatórios ao vestibular das universidades. Além de colaborar com os órgãos culturais que circulavam no Brasil central, participou de congressos de escritores realizados em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiânia, promoveu o I Congresso de Literatura em Goiás, em 1953, e realizou palestras, conferências e cursos literários. [2]

Chegou a ser professor da Universidade Federal de Goiás, cargo do qual foi exonerado com a eclosão do Golpe de Estado no Brasil em 1964.[3]

Entre 1970 a 1978, desempenhou as funções de assessor cultural junto ao Escritório de Representação do Estado de Goiás, no Rio de Janeiro, e reassumiu o cargo de professor na Universidade Federal de Goiás. Desempenhou ainda a função de diretor-adjunto do Instituto Nacional do Livro, em Brasília, de 1978 a março de 1985. Em 1986, foi nomeado para o Conselho Federal de Cultura, ao qual pertenceu até a extinção do órgão, em 1989. [2]

Bernardo Élis publicou várias obras, entre elas Apenas um Violão, O Tronco (que posteriormente virou filme), e Ermos e Gerais, sua mais premiada obra. Como contista, foi escolhido para integrar importantes antologias nacionais, como a clássica Antologia do Conto Brasileiro Contemporâneo, do crítico literário Alfredo Bosi.

Em 1995, foi escolhido pelo governador Maguito Vilela para presidir a Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira, atual AGEPEL, órgão equivalente à Secretaria de Estado da Cultura. No mesmo ano, afastou-se do cargo, ocupado posteriormente por Linda Monteiro. Já a 31 de janeiro de 1999, a sua obra Veranico de Janeiro (1966) foi escolhida, por um seleto júri constituído por 10 especialistas escolhidos pelo jornal O Popular (edição número 16.476), o mais importante periódico do Estado de Goiás, como um dos 20 melhores livros goianos do século XX.

Academia Brasileira de Letras

Posse na ABL.

Eleito em 23 de outubro de 1975, na sucessão de Ivan Lins e recebido pelo Acadêmico Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em 10 de dezembro de 1975. Foi o quarto ocupante da cadeira 1, que tem por patrono Adelino Fontoura. Para Mário de Andade, Bernardo Élis "tem a qualidade principal pra quem se aplica à ficção:o dom de impor na gente, de evidenciar a "sua" realidade, pouco importando que esta "sua realidade" seja ou não o real da vida real....criando aquela realidade mais real que o real, que é do melhor espírito e força da ficção".

Prêmios literários

Obras

  • 1955: Primeira chuva, poesia
  • 1944: Ermos e Gerais: Contos Goianos, contos
  • 1951: A terra e as carabinas
  • 1956: O Tronco, romance
  • 1965: Caminhos e descaminhos, contos
  • 1966: Veranico de janeiro, contos (obra considerada canônica, jornal O Popular, Goiânia, Caderno 2, a 31 de Janeiro de 1999)
  • 1975: Caminhos dos gerais, contos
  • 1978: André Louco, contos
  • 1974: Seleta de Bernardo Élis - Org. de Gilberto Mendonça Teles; estudo e notas de Evanildo Bechara
  • 1975: Caminhos dos gerais
  • 1980: Os enigmas de Bartolomeu Antônio Cordovil
  • 1984: Apenas um violão
  • 1985: Goiás em sol maior
  • 1986: Jeca-Jica-Jica Jeca
  • 1987: Chegou o governador
  • 1987: Obra reunida de B. É.

Referências

  1. http://www.academia.org.br/academicos/bernardo-elis
  2. a b «Bernardo Élis». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 28 de maio de 2020 
  3. Chaves, Davillas Newton de Oliveira (2011). A história da UFG: Região e modernidade (PDF) (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Goiás. Cópia arquivada (PDF) em 28 de abril de 2020 

Ligações externas

  • Perfil no site oficial da Academia Brasileira das Letras

Precedido por
Ivan Monteiro de Barros Lins
ABL - quarto acadêmico da cadeira 1
1975 — 1997
Sucedido por
Evandro Lins e Silva


  • v
  • d
  • e
1959 – 1969

1959: Jorge Medauar (Contos) • 1960: Dalton Trevisan (Contos) • Ricardo Ramos (Novelas) • 1961: Clarice Lispector (Contos) • 1962: Ricardo Ramos (Contos) • 1963: Julieta de Godoy Ladeira (Contos) • 1964: João Antônio (Contos) • 1965: Dalton Trevisan (Contos) • 1966: Lygia Fagundes Telles (Contos) • 1967: Bernardo Élis (Contos) • 1968: Marcos Rey (Contos) • 1969: Maria Cecília Caldeira (Contos)

1970 – 1979

1970: Rubem Fonseca (Contos) • 1971: Ricardo Ramos (Contos) • 1972: Holdemar Menezes (Contos) • 1973: Luiz Vilela (Contos) • 1974: Elias José (Contos) • 1975: Caio Porfírio Carneiro (Contos) • 1976: Regina Célia Colônia (Contos) • 1977: Domingos Pellegrini Júnior (Contos) • 1978: Hermann José Reipert (Contos) • 1979: Sônia Coutinho (Contos)

1980 – 1989

1980: Modesto Carone (Contos) • 1981: José J. Veiga (Novelas) • 1982: Autran Dourado (Contos) • 1983: Sérgio Sant'Anna (Contos) • 1984: Caio Fernando Abreu (Novelas) • 1985: Charles Kiefer (Contos) • 1986: Sérgio Sant'Anna (Novelas) • 1988: Moacyr Scliar (Contos) • 1989: Caio Fernando Abreu (Contos)

1990 – 1999

1990: Diogo Mainardi (Contos) • 1991: Rosa Amanda Strausz (Contos) • 1993: João Antônio (Contos) • Otto Lara Rezende (Contos) • Vilma Arêas (Contos) • Charles Kiefer (Contos) • 1994: Nelson Rodrigues (Contos) • Marcos Rey (Novelas) • Hilda Hilst (Novelas) • 1995: Dalton Trevisan (Contos) • Regina Rheda (Contos) • Victor Giudice (Contos) • 1996: Lygia Fagundes Telles (Contos) • Rubem Fonseca (Contos) • Caio Fernando Abreu (Contos) • 1997: Marina Colasanti (Contos) • Silviano Santiago (Contos) • Antônio Carlos Villaça (Contos) • 1998: Raduan Nassar (Contos) • Flávio Moreira da Costa (Contos) • João Silvério Trevisan (Contos) • 1999: Charles Kiefer (Contos) • Rubens Figueiredo (Contos) • João Inácio Padilha (Contos)

2000 – 2009

2000: Raimundo Carrero (Contos) • Marçal Aquino (Contos) • Ignácio de Loyola Brandão (Contos) • 2001: Mario Pontes (Contos) • Rodolfo Konder (Crônicas) • Lygia Fagundes Telles (Contos) • 2002: Fernando Sabino (Crônicas) • Marçal Aquino (Contos) • Rubem Fonseca (Contos) • 2003: Rubem Fonseca (Contos) • Luiz Nassif (Crônicas) • Fernando Bonassi (Crônicas) • 2004: Sérgio Sant'Anna (Contos) • João Gilberto Noll (Contos) • 2005: Alcione Araújo (Crônicas) • 2006: Marcelino Freire (Contos) • 2007: Ferreira Gullar (Crônicas) • 2008: Vera do Val (Contos) • 2009: Fabrício Carpinejar (Crônicas)

2010 – presente

2010: José Rezende Jr. (Contos) • 2011: Dalton Trevisan (Contos) • 2012: Sidney Rocha (Contos) • 2013: Luis Fernando Veríssimo (Crônicas) • 2014: Rubem Fonseca (Contos) • 2015: Carol Rodrigues (Contos) • 2016: Natalia Borges Polesso (Contos) • 2017: Veronica Stigger (Contos)

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1959 – 1969

1959: Jorge Amado 1960: Marques Rebelo 1961: Maria de Lourdes Teixeira 1962: Osório Alves de Castro 1963: Marques Rebelo 1964: Francisco Marins 1965: José Cândido de Carvalho 1966: Érico Veríssimo 1967: José Mauro de Vasconcelos 1968: Bernardo Élis • 1969: Ibiapaba Martins

1970 – 1979
1980 – 1989
1990 – 1999
2000 – 2009
2010 – presente
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Cadeiras 1 a 10
1 (Adelino Fontoura)
2 (Álvares de Azevedo)
3 (Artur de Oliveira)
4 (Basílio da Gama)
5 (Bernardo Guimarães)
6 (Casimiro de Abreu)
7 (Castro Alves)
8 (Cláudio Manuel da Costa)
9 (Gonçalves de Magalhães)
10 (Evaristo da Veiga)
Cadeiras 11 a 20
11 (Fagundes Varella)
12 (França Júnior)
13 (Francisco Otaviano)
14 (Franklin Távora)
15 (Gonçalves Dias)
16 (Gregório de Matos)
17 (Hipólito da Costa)
18 (João Francisco Lisboa)
19 (Joaquim Caetano)
20 (Joaquim Manuel de Macedo)
Cadeiras 21 a 30
21 (Joaquim Serra)
22 (José Bonifácio)
23 (José de Alencar)
24 (Júlio Ribeiro)
25 (Junqueira Freire)
26 (Laurindo Rabelo)
27 (Maciel Monteiro)
28 (Manuel Antônio de Almeida)
29 (Martins Pena)
30 (Pardal Mallet)
Cadeiras 31 a 40
31 (Pedro Luís)
32 (Manuel de Araújo Porto-Alegre)
33 (Raul Pompeia)
34 (Sousa Caldas)
35 (Tavares Bastos)
36 (Teófilo Dias)
37 (Tomás António Gonzaga)
38 (Tobias Barreto)
39 (Visconde de Porto Seguro)
40 (Visconde do Rio Branco)
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