Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo

Barão de Homem de Melo
Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo
Nome completo Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo
Nascimento 1 de maio de 1837
Pindamonhangaba,  São Paulo
Morte 4 de janeiro de 1918 (80 anos)
Campo Belo,  Minas Gerais
Nacionalidade Império do Brasil Império do Brasil Brasileiro
Ocupação Político, escritor, professor e cartógrafo

Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo, primeiro e único barão de Homem de Melo, (Pindamonhangaba, 1 de maio de 1837 — Campo Belo, 4 de janeiro de 1918) foi um político, escritor, professor e cartógrafo brasileiro.

Biografia

Filho do visconde de Pindamonhangaba, o coronel da Guarda Nacional Francisco Marcondes Homem de Melo e de Ana Francisca de Mello. Muito jovem foi enviado para estudar no Seminário de Mariana em Minas Gerais. Concluídos os preparatórios, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde se formou em 1858.

Voltando para a terra natal, ingressou na política pelo Partido Liberal, elegendo-se vereador e logo presidindo a câmara (1860 — 1861).

Foi nomeado professor concursado de História Universal do Colégio Pedro II, na capital do império, Rio do Janeiro, onde lecionou até 1864, quando foi exonerado, a pedido, por ter sido nomeado presidente da província de São Paulo. Iniciou então sua vida pública, interrompida com a Proclamação da República.

Retorna, então, para o magistério, à cartografia e à literatura. Foi professor de história e geografia do Colégio Militar do Rio de Janeiro e de mitologia na Escola Nacional de Belas Artes, lecionando depois história da arte.[1]

Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro desde 1859 (tendo sido seu presidente), membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Instituto Geográfico Nacional (Argentina) e da Academia Brasileira de Letras, Homem de Melo também dirigiu a Biblioteca Nacional, dentre várias outras instituições.[2]

Armas do barão de Homem de Melo.

Homem de Mello não teve filhos, nos seus dois casamentos. O primeiro, com sua prima Maria Joaquina Marcondes Ribas, da qual ficou viúvo, casando-se novamente com Julieta Unzer.

Títulos

  • Comendador da Imperial Ordem da Rosa - 1867;
  • Barão de Homem de Mello - 1877;
  • Major honorário do exército brasileiro.

Vida pública

Intensa e importante vida pública exerceu o Barão Homem de Mello. Além do cargo de vereador e do governo de São Paulo, presidiu ainda as províncias do Ceará (1865 — 1866), do Rio Grande do Sul (1867 — 1868) - quando organizou o III Exército, sob o comando do general Osório, para a luta na Guerra do Paraguai - e a da Bahia, de 1878 a 1879.

Foi diretor do Banco do Brasil em dois períodos, e ainda Inspetor da Instrução do Rio de Janeiro, cargo cumulado ao de presidente da Cia. Estrada de Ferro Rio-S. Paulo (Estrada de Ferro D. Pedro II). Foi enquanto presidente desta que recebeu o título de Barão, quando da inauguração da linha entre São Paulo e Cachoeira Paulista.

Em 1880 integrou o Gabinete Saraiva (1880), como ministro de negócios do Império.

Barão Homem de Melo foi combativo abolicionista. Nunca fez-se republicano - o que provocou seu afastamento da política, quando da mudança de regime.

Governo da Bahia

Capa do Relatório de Governo da Bahia

Em seu relatório de governo, apresentado à Assembleia Legislativa da província em 1º de maio de 1878, registrou o barão Homem de Mello:

Nomeado para o cargo de Presidente desta Província por Carta Imperial de 19 de janeiro deste ano, prestei juramento perante a Câmara Municipal e tomei posse da administração no dia 25 de fevereiro último.
Felicito-me hoje de, em tão curto período, aqui encontrar-me no seio da Representação Provincial, tendo a vantagem de inspirar-me em vossos votos e receber o impulso de vossa iniciativa, para juntos promovermos a prosperidade da Província.

Sua principal obra pública na capital foi a abertura da passagem na montanha - ligando as cidades Alta e Baixa (com extensão de 661,9 m e ligando a então "rua do Ourives" ao "Largo do Teatro" - conhecida em Salvador por Ladeira da Montanha, mas nomeada em homenagem ao Barão. Procedeu à reforma e melhoramento do Teatro Santo Antônio, reabriu o Hospital de Mont-Serrat (fechado meses antes e destinado ao tratamento da febre amarela. Sendo professor, manifestou grande preocupação com a melhoria das condições da Escola Normal, ouvindo de normalistas e professores reivindicações que julgava justas e acertadas, assinalando que da melhoria do ensino adviriam todas as outras.

Em seu governo foi extinta a colônia alemã do Rio Branco,[3] no sul da Bahia, cujos colonos pediram para ser transferidos para o Rio de Janeiro. Homem de Melo pretendeu estabelecer, na antiga colônia, os retirantes cearenses que então aportavam em Salvador.

Academia Brasileira de Letras

Em 1917 o Barão foi eleito para a Academia, mas não chegou a tomar posse, pois faleceu antes disso. Seria recebido por Félix Pacheco e ocuparia a Cadeira 18, que tem por Patrono João Francisco Lisboa, da qual teria sido o segundo imortal.

Obras

Uma das obras do Barão Homem de Melo

O Barão Homem de Melo escreveu algumas biografias, colaborava para as publicações do Instituto Geográfico e Histórico do Brasil e diversos jornais. Como geógrafo e cartógrafo, publicou um Atlas do Brasil, e outros[2]. Dentre seus livros, destacam-se:

  • Esboços biográficos (2 vols.) - 1858
  • Esboços biográficos (2 vols.) - 1862
  • Escritos históricos e literários - 1868
  • A Constituinte perante a história - 1863
  • Mitologia e Cosmogonia (identificação das divindades gregas e romanas, emblemas dos deuses) - 1896
  • Aula de História da Arte - 1897
  • Biografia de Hipólito José da Costa Pereira - 1871
  • A minha nebulosa - poesia - 1903
  • O Brasil de hoje - 1905
  • Subsídios para a organização da Carta Física do Brasil - Cartografia - 1876

O Brasil de Hoje (excerto)

Publicado em 1905, O Brasil de Hoje compõe-se de relatos que sustentam as opiniões do Barão, sem contudo deixar de conter um certo humor, ao mostrar a realidade. Na passagem abaixo narra com indignação algo que ainda é atual: o café brasileiro é completamente desvalorizado no exterior:

O certo é que o nosso café continua, em Paris, Londres, Berlim, Roma, Nápoles, a ser exposto à venda, com letreiros bem visíveis que o dão como originário de Moka, Java, Guadalupe, México e até Mont Pellé!
Em diversas localidades, constatando a falsa designação dada ao nosso café, a pretexto de comprar, pedíamos nos servissem gênero de procedência brasileira.
Ninguém o conhecia, e algum negociante que dele tinha notícia não o vendia no seu estabelecimento, porque não era... bon marché.
No mostrador de uma loja de Genebra, vi anunciado à venda Café Santos.
Entrei e pedi - café brasileiro.
O proprietário da casa respondeu-me que não tinha, nem conhecia essa marca.
- Mas, este Café Santos de onde procede?
- Ora, da República Argentina.

Referências

  1. «Barão Homem de Melo». www.biblio.com.br. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  2. a b Vultos da Geografia do Brasil - Coletânea das ilustrações publicadas na Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1942. p. 9-10. 47 páginas 
  3. Dias, Marcelo Henrique; Carrara, Ângelo Alves (orgs.). Um lugar na história : a capitania e comarca de Ilhéus antes do cacau. Ilhéus : Editus, 2007, p. 254s.

Bibliografia

  • Sacramento Blake. Diccionario bibliographico brazileiro. Tomo II: "Francisco Ignacio Marcondes Homem de Mello, Barão Homem de Mello", pp 462-463. Typographia Nacional, Rio de Janeiro, 1893

Ligações externas

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  • Relatorio com que o exm. sr. dr. Francisco I. Marcodes Homem deMello passou a administração d'esta provincia ao excellentíssimo senhor doutor Joaquim Vieira da Cunha, 1ª vice-presidente, no dia 13 de abril do anno de 1868.
  • Fala com que abriu no dia 1 de maio de 1878 a 57ª legislatura da Assembleia Legislativa Provincial da Bahia o exmo. sr. conselheiro Barão Homem de Melo, presidente da província da Bahia
  • Relatório apresentado à Assembleia Geral Legislativa na 3ª sessão da 17ª legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império Conselheiro barão Homem de Melo, 1880


Precedido por
Manuel Joaquim do Amaral Gurgel
Presidente da Província de São Paulo
1864
Sucedido por
Joaquim Floriano de Toledo
Precedido por
Lafayette Rodrigues Pereira
Presidente da província do Ceará
1865 — 1866
Sucedido por
João de Sousa Melo e Alvim
Precedido por
Antônio Augusto Pereira da Cunha
Presidente da província do Rio Grande do Sul
1867 — 1868
Sucedido por
Joaquim Vieira da Cunha
Precedido por
Henrique Pereira de Lucena
Presidente da província da Bahia
1878
Sucedido por
Antônio de Araújo Aragão Bulcão
Precedido por
João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu
Ministro da Guerra do Brasil
1880
Sucedido por
José Antônio Correia da Câmara
Precedido por
Carlos Leôncio da Silva Carvalho
Ministro dos Negócios do Império do Brasil
1880
Sucedido por
Precedido por
José Veríssimo
ABL - segundo acadêmico da cadeira 18
1917 — 1918
Sucedido por
Alberto Faria


  • v
  • d
  • e
Presidentes da Província de São Paulo — Império (1822—1889)
Primeiro reinado
Brasão do Império do Brasil (segundo reinado)
Período regencial
Segundo reinado
  • v
  • d
  • e
Brasão do Império do Brasil (Segundo Reinado)
  • v
  • d
  • e
Primeiro reinado
Brasão do Império do Brasil (segundo reinado)
Período regencial
Segundo reinado
  • ← Governadores do Rio Grande do Sul - Colônia (1737–1822)
  • Governadores do Rio Grande do Sul (1889–atualmente) →
  • v
  • d
  • e
← Governadores da Capitania
Governadores do Estado →
1823–1831
(Primeiro Reinado)
Brasão do Império do Brasil (segundo reinado)
1831–1840
(Regência)
1840–1889
(Segundo Reinado)
Portal da Bahia
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Estado e
Reino Unido
Regência
(príncipe D. Pedro)
Primeiro reinado
(D. Pedro I)
Período regencial
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(D. Pedro II)
República Velha
(1.ª República)
Era Vargas
(2.ª e 3.ª Repúblicas)
Período Populista
(4.ª República)
Ditadura militar
(5.ª República)
Nova República
(6.ª República)
Até 1967, o responsável pela gestão do Exército era o ministro da Guerra. De 1967 até 10 de junho de 1999 — data da criação do Ministério da Defesa — o responsável era o ministro do Exército. Após essa data, passou a ser denominado comandante do Exército.
  • v
  • d
  • e
Colônia e
Reino Unido
Regência do Príncipe
D. Pedro
Bandeira do primeiro reinado Primeiro reinado
(D. Pedro I)
Período regencial
Bandeira do segundo reinado Segundo reinado
(D. Pedro II)
  • v
  • d
  • e
Gabinete Saraiva (1880–1882)
Presidente do
Conselho de Ministros
José Antônio Saraiva, presidente do Conselho de Ministros
Secretarias
de Estado
Negócios da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas
Negócios Estrangeiros
Negócios da Fazenda
Negócios da Guerra
Negócios do Império
  • Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo (1880)
  • Sousa Dantas (1880–1882)
Negócios da Justiça
Negócios da Marinha
← Gabinete Sinimbu (1878–1880) • Gabinete Martinho Campos (1882) →
  • v
  • d
  • e
Cadeiras 1 a 10
1 (Adelino Fontoura)
2 (Álvares de Azevedo)
3 (Artur de Oliveira)
4 (Basílio da Gama)
5 (Bernardo Guimarães)
6 (Casimiro de Abreu)
7 (Castro Alves)
8 (Cláudio Manuel da Costa)
9 (Gonçalves de Magalhães)
10 (Evaristo da Veiga)
Cadeiras 11 a 20
11 (Fagundes Varella)
12 (França Júnior)
13 (Francisco Otaviano)
14 (Franklin Távora)
15 (Gonçalves Dias)
16 (Gregório de Matos)
17 (Hipólito da Costa)
18 (João Francisco Lisboa)
19 (Joaquim Caetano)
20 (Joaquim Manuel de Macedo)
Cadeiras 21 a 30
21 (Joaquim Serra)
22 (José Bonifácio)
23 (José de Alencar)
24 (Júlio Ribeiro)
25 (Junqueira Freire)
26 (Laurindo Rabelo)
27 (Maciel Monteiro)
28 (Manuel Antônio de Almeida)
29 (Martins Pena)
30 (Pardal Mallet)
Cadeiras 31 a 40
31 (Pedro Luís)
32 (Manuel de Araújo Porto-Alegre)
33 (Raul Pompeia)
34 (Sousa Caldas)
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