Buraco negro eletrônico

Em física, existe a noção especulativa que presume a existência do buraco negro eletrônico (português brasileiro) ou buraco negro eletrónico (português europeu), segundo a qual se um buraco negro possuísse mesma massa e carga de um elétron, ele apresentaria as mesmas propriedades de um elétron, incluindo o momento magnético e o comprimento de onda de Compton. Essa ideia é desenvolvida em uma série de artigos publicados por Albert Einstein entre 1927 e 1949. Nesses artigos, expôs-se que se as partículas elementares fossem representadas como singularidades no espaço-tempo, tornaria-se desnecessário postular sobre o movimento geodésico como sendo parte da relatividade geral.[1]

Problemas

A mecânica quântica permite velocidades acima daquela da luz para um objeto de pequena massa tal como o elétron através de escalas de distâncias superiores ao raio de Schwarzschild do elétron.

Raio de Schwarzschild

O raio de Schwarzschild (rs) de qualquer massa é calculado utilizando-se a seguinte fórmula:

r s = 2 G m c 2 {\displaystyle r_{s}={\frac {2Gm}{c^{2}}}}

Para um elétron,

G é a constante gravitacional de Newton,
m é a massa do elétron = 9.109×10−31 kg, e
c é a velocidade da luz.

resultando no valor

rs = 1.353×10−57m.

Assim, se o elétron possui um raio tão diminuto, ele acabaria se tornando uma singularidade gravitacional. O elétron passaria então a ter uma série de propriedades em comum com um buraco negro. Na métrica de Reissner-Nordström, que descreve os buracos negros elétricamente carregados, uma quantidade análoga rq é definida como

r q = q 2 G 4 π ϵ 0 c 4 . {\displaystyle r_{q}={\sqrt {\frac {q^{2}G}{4\pi \epsilon _{0}c^{4}}}}.}

Nessa expressão q é a carga e ε0 é a constante de permissividade do vácuo. Para um elétron com q = -e = −1.602×10−19C, o valor resultante é

rq = 9.152×10−37m.

Este valor sugere que um buraco negro eletrônico seria super extremo e possuiria uma singularidade nua. A teoria eletrodinâmica quântica padrão (QED) trata o elétron como uma partícula pontual, o que é completamente apoiado pelos experimentos. Na prática, porém, os experimentos com partículas não podem investigar arbitrariamente grandes escalas de energia, por isso os experimentos baseados na teoria QED definem o valor do raio de um elétron como menor que o comprimento de onda de Compton de uma grande massa, na ordem de 10 6 {\displaystyle 10^{6}} GeV, ou

r α c 10 6 G e V 10 24 m {\displaystyle r\approx {\frac {\alpha \hbar c}{10^{6}GeV}}\approx 10^{-24}m} .

Nenhum experimento proposto seria capaz de investigar se os valores de r seriam tão baixos quanto rs ou rq, ambos menores que a comprimento de Planck. É comumente aceito que os buracos negros super extremos são instáveis. Além disso, qualquer partícula física menor que a distância de Planck provavelmente requer uma teoria consistente para a gravidade quântica.

Ver também

Referências

  1. JSTOR 1968714

Bibliografia

  • Burinskii, A., (2005) "The Dirac-Kerr electron."
  • Burinskii, A., (2007) "Kerr Geometry as Space-Time Structure of the Dirac Electron."
  • Michael Duff (1994) "Kaluza-Klein Theory in Perspective."
  • Stephen Hawking (1971), " ," Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 152: 75.
  • Roger Penrose (2004) The Road to Reality: A Complete Guide to the Laws of the Universe. Londres: Jonathan Cape.
  • Abdus Salam, capítulo em Quantum Gravity: an Oxford Symposium, de Isham, Penrose, e Sciama. Oxford University Press.
  • G. 't Hooft (1990) "The black hole interpretation of string theory," Nuclear Physics B 335: 138-154.

Literatura popular

Ligações externas

  • The Geometry of the Torus Universe, uma geometria relacionada ao "conjunto de Cantor hierárquico na estrutura em grande escala 3 D na geometria tórica". (em inglês)
  • v
  • d
  • e
Buracos negros
Tipos
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Métricas
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Análogos
  • Buraco negro óptico
  • Buraco negro sônico
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