Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva

Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva (Vila de São João da Parnaíba, 1784 - Piraí, 11 de janeiro de 1852 [1]) foi um poeta, magistrado e político brasileiro tendo sido eleito como um dos representantes brasileiros, pelo Piauí, às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, mas não compareceu e foi substituído pelo suplente Domingos da Conceição.[2]Foi um dos autores de versões para hino nacional, com a poesia "sete de abril", na década de 1830.

Biografia

Filho de António Saraiva de Carvalho e Margarida Rosa da Silva, Ovídio Saraiva era de uma família abastada do litoral piauiense. Aos seis anos, foi enviado para estudar em Portugal, visto que na época, a pequena vila da Parnaíba não possuía instituições de ensino. Em 29 de outubro de 1805, aos dezoito anos, ingressou no Curso de Leis da Universidade de Coimbra, se formando em Direito em 15 de junho de 1810.

Durante seu tempo em Coimbra, Ovídio viveu em repúblicas universitárias como o Arco das Traições e depois nos Palácios Confusos, ambos ambientes conhecidos pela sua boêmia, lá, conheceu e casou-se com Umbelina Joanna de Vasconcellos Almadanim, mulher não mais no rol de sua juventude, estava pelo seus quarenta anos, dezessete mais velha que seu esposo. Era filha do Lente catedrático e desembargador da Relação do Porto, Francisco Miguel de Vasconcellos Almadanim. Foi durante esta fase que publicou seu primeiro livro "Poemas", em 1808. No mesmo período Portugal foi invadido pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte, obrigando a vinda da Família Real para o Brasil. Era grande a apreensão dos pais de Ovídio no Piauí, se preocupavam com a sorte do filho que persistiu até a conclusão do curso. E mesmo esse ambiente incerto não impediu o casamento do bacharelando piauiense.

Formado em Leis e casado, retorna ao Brasil com sua esposa, expedindo o passaporte em 9 de outubro de 1810, descrevendo como "de estatura ordinária, de idade de vinte e quatro anos, rosto redondo e pálido, olhos pardos, (e) nariz regular". Traz a Informação de que o titular "intenta passar para a cidade do Maranhão na companhia de sua mulher Dona Umbelina Joana Almadanim, para se transportarem para o Piauí". Retornado a sua terra natal depois de quase vinte anos, reviu os pais e apresentou sua esposa. Assumiu cargo de juiz de fora de Minas Gerais. Era o segundo bacharel em direito piauiense.

Carreira e Morte

Em 1821, embora eleito representante do Piauí junto às Cortes Constituintes de Lisboa, não aceita o mandato porque se encontrava radicado no Brasil, sendo substituído pelo padre Domingos da Conceição, que se dirige para o reino. De fato, preferia a vida em seu jovem país.

Em 1811, assumiu o cargo de juiz de fora da comarca de Mariana, em Minas Gerais, de onde passou, em 24 de julho de 1816, para a comarca de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, em Santa Catarina, acumulando as funções de provedor dos defuntos e ausentes, capelas e resíduos. Por esse tempo, consta que foi precursor do teatro catarinense, promovendo peças por ele escritas nos salões de sua residência. Em 3 de outubro de 1819, foi removido para a província da Cisplatina, onde assumiu o cargo de desembargador da Relação local. Dali foi removido para a corte, assumindo o cargo de desembargador da Relação do Rio de Janeiro, onde se aposentou.

Faleceu o desembargador e poeta Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, na cidade de Piraí, Rio de Janeiro, em 11 de janeiro de 1852, com 68 anos de idade. Sobre seu óbito e a longevidade da viúva, anotou satiricamente Camilo Castelo Branco:

E morreu no braço de D. Umbelina Joana, que o chorou inconsolável a termos de ninguém lhe dar 15 dias de existência. Depois, a viúva do poeta Ovídio, exaurida de lágrimas começou a mirrar-se, a escanifrar-se, a encorrear-se, a pilar-se, a escalar-se, a perpetuar-se como um pergaminho impenetrável à traça dos velhos xilógrafos. No cume da sua saúde, concentram-se-lhe as dores na parte nobre do seu corpo, na alma, enquanto as funções digestivas se faziam com uma harmonia fisiológica cronométrica, desde a deglutição até o derradeiro fenômeno, sem o mínimo sintoma de dispepsia ileocecal; um duodeno salubérrimo, e todas as mais  vísceras sobre e subjacentes não deixavam nada a desejar. Quando a viúva chegou aos cem anos, os pernambucanos entraram a espantar-se; depois, mais anos vieram rodando sobre o século, e ela a digerir as tapiocas, os mingaus, e a falar do seu Ovídio, recitando-lhe as líricas com uma toada muito saudosa, e aos olhos vagos, amamóticos no infinito azul. E os pernambucanos assombrados a cuidarem que o profeta imortal Elias se metera no corpo da velha. Até que enfim há poucos meses, em outubro de 1880, D. Umbelina não podendo mais contemporizar com a saudade do seu defunto, feneceu, acabou como as rosas de Malherbe tendo vivido um pouco mais que ‘o espaço de uma manhã’ – cento e treze anos. E ainda há quem diga que as saudades não matam... e depressa!

Obras

Poemas, 1808.

Heroides de Olympia e Herculano. Jovens Brasileiros, ou O Triumpho Conjugal[3], 1840.

Descendência

Ovídio Saraiva casou-se com Umbelina Joanna de Vasconcellos Almadanim, filha de Francisco Miguel de Vasconcellos Almadanim e de Luiza Joana da Costa. Veio a falecer aos 113 anos em 1880 no Recife. Tiveram três filhos:

Margarida (1808 - ?)

Albina (1809 - ?)

Ovídio Saraiva de Carvalho (Parnaíba, Piauí, 1811 - Recife, 1850), casado com Manoella Gondim de Neiva, filha de José Antônio da Silva Neiva e Maria Laura de Araújo Gondim.

Bisavô de Vicente Saraiva de Carvalho Neiva[4][5]

Referências

  1. Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, pioneiro da literatura piauiense. Portal entretextos. Acesso em 14 de julho de 2024
  2. Deputados, Brasil Congresso Nacional Câmara dos (1889). «Organisações e programmas ministeriaes desde 1822 a 1889 : notas explicativas sobre moções de confiança, com alguns dos mais importantes Decretos e Leis, resumo historico sobre a discussão do Acto Addicional, Lei de Interpretação, Codigo Criminal, do Processo e Commercial, lei de terras, etc., etc., com varios esclarecimentos e quadros estatisticos» , p. 267.
  3. Silva, Ovidio Saraiva de Carvalho e (1840). «Heroides de Olympia e Herculano. Jovens Brasileiros, ou O Triumpho Conjugal. Por Ovidio Saraiva de Carvalho e Silva». Consultado em 14 de setembro de 2024 
  4. Museu (23 de dezembro de 2016). «Vicente Saraiva de Carvalho Neiva.» (em inglês). Consultado em 17 de setembro de 2024 
  5. https://www.ufpe.br/arquivoccj/curiosidades/-/asset_publisher/x1R6vFfGRYss/content/dr-vicente-saraiva-de-carvalho-neiva/590249  Em falta ou vazio |título= (ajuda)