Livro de Neemias

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Manuscrito bíblico
Neemias, copeiro do rei da Pérsia.

Livro de Neemias ou II Esdras é um livro do Tanakh e do Antigo Testamento da Bíblia. Vem depois do Livro de Esdras e antes do Livro de Tobias, na Bíblia Católica, e antes do Livro de Ester, na Bíblia protestante,[1][2] tido historicamente como uma continuação do Livro de Esdras, e por vezes chamado até mesmo de "o segundo livro de Esdras".[3]

Partes

O livro consiste de quatro partes:

  1. Um relato da reconstrução das muralhas de Jerusalém, e o registro do que Neemias encontrou ao retornar da Babilônia. Entre os detalhes estão a descrição de como Neemias se tornou governador de Judá (Ne, 1:1-2:20, 9), as diversas formas de oposição que sofreu, de Sambalá e outros, e descreve seu retorno anterior, sob Zerubabel (Ne, 7:6-73, 9; ver também (Es, 2:1-70 para um relato semelhante) - capítulos 1 a 7.
  2. Um relato da situação da religião entre os judeus do período - capítulos 8 a 10.
  3. Aumento da população de Jerusalém; o censo da população masculina adulta, os nomes de seus chefes, juntamente com listas de sacerdotes e levitas - capítulos 11 e 12:1-26.
  4. Dedicatória do muro de Jerusalém, disposição das autoridades do Templo, e reformas executadas por Neemias - capítulos 12:27 e 13.

Origem

Tradicionalmente acredita-se que o autor deste livro tenha sido o próprio Neemias,[4] embora isto seja controverso.[5] Existem partes do livro escritas em primeira pessoa (1-7; 12:27-47 e 13), porém outras onde Neemias é referido pela terceira pessoa (8; 9; 10).

Alguns estudiosos acreditam que estas partes teriam sido escritas por Esdras - embora não exista qualquer evidência distinta disso - enquanto outros acreditam que o arranjo e revisão final do texto teriam ocorrido num período bem posterior.

Se Neemias de fato foi o autor, a data em que o livro foi escrito teria sido por volta de 431 - 430 a.C., quando ele retornou pela segunda vez a Jerusalém, depois de sua visita à Pérsia.

A Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que haveria um único autor para I Crônicas, II Crônicas, Esdras e Neemias,[6] que seria provavelmente um levita,[7] e que sua redação não teria ocorrido antes de 350 a.C. nem depois de 250 a.C., mas haveria adições posteriores a 200 a.C.[8] Esta edição também sustenta que os livros de Esdras e de Neemias formavam apenas um único "Livro de Esdras" (veja Esdras-Neemias),[9] composto antes dos Livros de Crônicas,[10] como se verifica na Bíblia hebraica e na Septuaginta.

Perspectiva panorâmica (Sumário)

Construção da muralha de Neemias

Esquema abaixo extraído de Tradução Ecumênica da Bíblia (cit., pp 1.399):

  • Oração de Neemias - Neemias 1
  • Viagem de Neemias a Jerusalém - Neemias 2
  • Restauração dos muros de Jerusalém - Neemias 3:1-32
  • Obstáculos e dificuldades - Neemias 3:33-Neemias 4,17
  • Injustiças sociais. Intervenção de Neemias - Neemias 5
  • Término da reconstrução das muralhas - Neemias 6
  • Recenseamento dos israelitas - Neemias 7
  • Leitura pública da Lei - Neemias 8
  • Oração de confissão dos pecados - Neemias 9
  • Resoluções diversas - Neemias 10
  • Repartição dos habitantes de Jerusalém - Neemias 11
  • Sacerdotes e levitas - Neemias 12
  • Reformas diversas, realizadas por Neemias - Neemias 13

Perspectiva histórica

Esquema abaixo extraído da "Bíblia Sagrada - Edição Pastoral"[11]

Perspectiva política

Jerusalém na época de Neemias.

A obra procura mostrar a reconstrução da comunidade judaica, reunida em Jerusalém e centrada no culto e na lei. Sob o domínio persa, foi concedida aos judeus uma oportunidade para recuperar e preservar a sua identidade como povo: a tradição religiosa dos antepassados, que agora se transforma em lei. No contexto pós-exílico, o Templo passa a ser o centro da vida da comunidade, como lugar de culto e da transmissão da lei, que fornecem a estrutura social da comunidade.[12]

A obra não se resume a uma narrativa, pois pretende discutir e abrir perspectivas sobre a estrutura da própria comunidade judaica, sendo que a questão central é determinar qual a liderança que vai governar, nesse contexto, quando se propõe reestruturar a sociedade a partir da religião, a primeira conclusão é que os sacerdotes devem liderar o povo, no entanto, resta determinar o sacerdócio legítimo.[12]

No exílio, os sacerdotes tinham elaborado complicadas genealogias para ligar Sadoc a Aarão, o que indicava a legitimidade dos descendentes de Sadoc, no entanto, restava resolver a questão da legitimidade dos levitas, que também seriam descendentes diretos de Aarão.[12]

Desde o tempo de Salomão, os levitas tinham sido expulsos do Reino de Judá 1Rs 2,26-27 e passaram a exercer suas atividades entre as tribos do Norte, que formaram o Reino de Israel Setentrional. Ligados aos profetas, eles preservaram e produziram tradições que formaram o Livro do Deuteronômio, o qual influenciou grandes reformas no Reino de Judá, entretanto, depois do exílio, esses levitas se viram reduzidos a meros empregados dos sacerdotes.[12]

O autor dessa obra, que provavelmente era um levita, busca reabilitar historicamente a figura do levita e, assim, reivindicar sua importância ao lado do sacerdócio para o governo da comunidade, mas seu objetivo não se resume a defender o interesse dos levitas, o que se pretende é resgatar a tradição profética, conservada pelos levitas, a fim de que a comunidade judaica não fique reduzida ao culto formal, mas seja capaz de se organizar socialmente, segundo o projeto de Javé, dentro da legítima tradição do Livro do Êxodo.[12]

Essa tradição fora transmitida pelos levitas, que procuravam atualizá-la e aplicá-la às situações concretas, visando sempre em primeiro lugar à causa do povo e à defesa de uma sociedade justa e igualitária, pode-se, portanto, dizer que essa obra histórica é uma grande reivindicação para a reabilitação daqueles que se colocam como defensores dos interesses do povo, protegendo-o de possíveis arbitrariedades, tanto internas como externas.[12]

Referências

  1. Echegary, J. González; et al. (2000). A Bíblia e seu contexto. 2 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria. 1133 páginas. ISBN 978-85-276-0347-8 
  2. Pearlman, Myer (2006). Através da Bíblia. Livro por Livro 23 ed. São Paulo: Editora Vida. 439 páginas. ISBN 978-85-7367-134-6 
  3. «Book of Nehemiah». Catholic Encyclopedia 
  4. Valério, Augusto. «Apostila bíblica resumida - Neemias» (PDF). Consultado em 6 de julho de 2009 [ligação inativa]
  5. «Esboço dos Livros da Bíblia - Esdras e Neemias». Vivos!. Consultado em 6 de julho de 2009. Arquivado do original em 1 de julho de 2009 
  6. Tradução Ecumênica da Bíblia, Ed. Loyola, São Paulo, 1994, pp 1.439
  7. Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., p 1.442
  8. Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., pp 1.439-1.440
  9. Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., pp 1.399
  10. Bíblia de Jerusalém, Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 548
  11. Esdras e Neemias Arquivado em 29 de abril de 2009, no Wayback Machine., acessado em 27 de julho de 2010
  12. a b c d e f A História desde de Adão até a Fundação do Judaísmo Arquivado em 17 de julho de 2009, no Wayback Machine., acessado em 24 de julho de 2010

Ligações externas

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  • «Neemias em várias versões da Bíblia». Bíblia Online 
  • «Neemias (Bíblia Ave Maria)». bibliacatolica.com.br 
  • «Neemias (Bíblia Matos Soares, 1956)». bibliacatolica.com.br 
  • «Livro de Neemias» (em latim). Vatican.va 
  • «עֶזְרָא - texto original de Esdras-Neemias» (em hebraico) 
  • Este artigo incorpora texto da Enciclopédia Judaica (Jewish Encyclopedia) (em inglês) de 1901–1906 (artigo "Nehemiah, Book Of"), uma publicação agora em domínio público.
  • "Book of Nehemiah" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
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