Linear A
Linear A é um dos dois sistemas de escrita (o outro é a escrita pictográfica ou, menos correctamente, hieroglífica cretense) utilizados na Creta minoica anteriormente à sua sucessora, a Linear B micênica, utilizada para grafar a língua helênica dos invasores indo-europeus oriundos do continente (c. 1 450 a.C.).
O alfabeto Linear A, nome cunhado por Arthur Evans, é a transformação e simplificação da escrita ideogramática que provém da escrita do período neopalaciano. Evans especulou que se tenha tornado em escrita por volta de 1 800 a.C., mas essa visão foi recentemente rejeitada com a descoberta de símbolos de transição.[1] Os elementos iconográficos se sistematizaram tornando a escrita mais fluída. Mas a transição de uma escrita para a outra foi tão lenta[2] que ambos os sistemas estiveram em vigor em paralelo.[3]
Esta escrita é chamada de linear porque é composta de sinais, que apesar de derivados dos ideogramas, já não são reconhecíveis como representações de objetos, mas composta por formações abstratas.[3]
Os documentos descobertos até agora são inscrições em tabelas de argila e outros objetos de culto. Os textos em Linear A do palácio Hagia Triada são os mais numerosos: foram descobertos 150 pequenas placas de argila onde são listadas transações e armazenamentos. Textos similares foram encontrados em Cnossos, Mália, Festo, Tálisso, Palecastro, Arquanes e Cato Zacro.[3] Os textos incluem títulos que indicam os prováveis locais e personagens. O sistema de numeração era diferente da escrita hieroglífica.[2]
Cerca de 100 símbolos foram amplamente utilizados em Linear A. Destes, doze eram ideogramas, apresentados separadamente em listas antes dos números. O sistema Linear A teve variações locais, havendo, no entanto, elementos comuns. Certo número de inscrições tinha um caráter mágico e religioso. Elas foram gravados ou escritas em utensílios de rituais, jarras, tabuinhas de oferendas, colheres de pedra, copos e xícaras de toda Creta. De fato, acredita-se que em 1 600 a.C. o Linear A era usado em toda ilha.[4] Mas a maioria dos textos deste período foram escritos em cartazes de barro em forma de pastilhas retangulares.[2]
Embora seja certo que a língua destas tabuinhas é minoica, uma vez que ainda não foi decifrada, muitos reconhecem os elementos de uma língua semítica, luvita ou indo-europeia. Através da aplicação de valores fonéticos que são conhecidos que se aplicam na escrita Linear B, alguns pesquisadores conseguiram produzir uma variedade de interpretações de textos escritos em Linear A.[3] Foi também identificado um sistema de numeração decimal: linhas verticais para as unidades, pontos ou linhas horizontais para dezenas, pequenos círculos para as centenas e círculos com raio para os milhares. A direção da escrita foi da esquerda para a direita.[2] Inscrições curtas nesta escrita são encontrados em gessos em Cnossos e Hagia Triada, em inscrições de muitos selos e em pitos (vasos de barro de grandes dimensões) de diversas origens. As inscrições nos pitos incluem geralmente três ou quatro sinais e são, portanto, tetrassilábicas ou trissilábicas e possivelmente significam o nome dos proprietários ou dos fabricantes dos pitos, sem excluir o nome dos deuses, o conteúdo ou nomes de lugares.[5]
A maior dificuldade para a leitura do Linear A é o fato de muito poucos textos terem sido preservados e muitos dos documentos encontrados serem apenas fragmentos, tornando difícil aplicar com alguma probabilidade de sucesso o método utilizado para a descodificação do sistema Linear B, com o qual tem semelhanças, mas também diferenças.[6] Sítios que possuem um grande número de tabuinhas são sítios que foram queimados em 1 450 a.C., onde o fogo cozeu as tabuinhas de argila, permitindo a sua conservação. Para outros locais, a descoberta de documentos em Linear A é mais aleatória.
A expansão do comércio durante o segundo período palaciano minoico resultou na disseminação da escrita minoica nas ilhas e na Grécia continental. Há amostras conhecidas em Milos, Ceos, Citera, Naxos e Santorini.[7]
Sinais
Linear A: Assinatura e numeração de acordo com E. Bennett. A leitura de sinais é baseada em análogos Linear B. | |||||||||||
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*01-*20 | *21-*30 | *31-*53 | *54-*74 | *76-*122 | *123-*306 | ||||||
DA *01 | QI *21 | SA *31 | WA *54 | *76 | *123 | ||||||
RO *02 | *21f | *34 | *55 | KA *77 | *131a | ||||||
PA *03 | *21m | TI *37 | PA3 *56 | QE *78 | *131b | ||||||
TE *04 | MI? *22 | E *38 | JA *57 | WO2? *79 | *131c | ||||||
*05 | *22f | PI *39 | SU *58 | MA *80 | *164 | ||||||
NA *06 | *22m | WI *40 | TA *59 | KU *81 | *171 | ||||||
DI *07 | MU *23 | SI *41 | RA *60 | *82 | *180 | ||||||
A *08 | *23m | KE *44 | O *61 | *85 | *188 | ||||||
S *09 | NE *24 | *45 | JU *65 | *86 | *191 | ||||||
*10 | RU *26 | *46 | TA2 *66 | TWE *87 | *301 | ||||||
*11 | RE *27 | *47 | KI *67 | *100/ | *302 | ||||||
ME *13 | I *28 | *49 | TU *69 | *118 | *303 | ||||||
QA2 *16 | *28b | PU *50 | *70 | *120 | *304 | ||||||
ZA *17 | *29 | DU *51 | MI *73 | *120b | *305 | ||||||
ZO *20 | NI *30 | *53 | ZE *74 | *122 | *306 |
Referências
- ↑ Cotterell 1980, p. 69.
- ↑ a b c d Vassilakis 2000, p. 192.
- ↑ a b c d Alexiou 1960, p. 120.
- ↑ Cotterell 1980, p. 68.
- ↑ Alexiou 1960, p. 121.
- ↑ Vassilakis 2000, p. 193.
- ↑ Vassilakis 2000, p. 194.
Bibliografia
- Cotterell, Arthur (1980). The Minoan world (em inglês). [S.l.]: Scribner. 191 páginas. ISBN 9780684166674. Consultado em 23 de março de 2012 A referência emprega parâmetros obsoletos
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(ajuda)
- Vassilakis, Adonis (2000). La Crète minoenne (em francês). [S.l.: s.n.] ISBN 960-500-344-9 A referência emprega parâmetros obsoletos
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(ajuda)
- Alexiou, Sotiris (1960). La Crète minoenne (em francês). [S.l.: s.n.] A referência emprega parâmetros obsoletos
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(ajuda)