Kulap Saipradit

Kulap Saipradit
กุหลาบ สายประดิษฐ์
Nome completo Kulap Saipradit
Pseudônimo(s) Siburapha
Nascimento 31 de março de 1906
Bangkok, Sião
Morte 16 de junho de 1974 (68 anos)
Pequim, China
Cônjuge Chanid Priyacharnkun
Alma mater Universidade Thammasat
Ocupação escritor, jornalista
Gênero literário Romance, Conto, Poesia
Movimento literário Modernismo, Literatura para a vida, Realismo Socialista
Magnum opus
  • Até nos encontrarmos de novo
Assinatura

Kulap Saipradit (em tailandês: กุหลาบ สายประดิษฐ์; 31 de março de 1906 - 16 de junho de 1974), mais conhecido pelo pseudônimo Siburapha (em tailandês: ศรีบูรพา; também romanizado como Sriburapha ou Sri Burapha), foi um editor de jornal e um dos principais romancistas tailandeses de seu tempo.[1] Ele foi um atuante ativista pelos direitos humanos e, em decorrência disso, entrou em conflito com as autoridades e ficou preso por mais de quatro anos. Ele é famoso na Tailândia por proferir a célebre frase "Eu amo a Thammasat porque a Thammasat me ensina a amar as pessoas",[2] que se tornou o lema da Universidade Thammasat. Passou os últimos 16 anos de sua vida exilado na China devido às suas posições políticas.

História

Educação e início de carreira

Retrato de Kulap

Nascido em Bangkok, Kulap estudou no Debsirin, uma escola de elite para alunos de famílias abastadas. O próprio Kulap, entretanto, não veio de uma dessas famílias. Seu pai faleceu quando ele tinha apenas seis anos, deixando a família numa difícil situação financeira. Entretanto, a sua mãe, uma costureira, e sua irmã, uma dançarina clássica, trabalharam duro para financiar sua educação.[3]

Em 1928, ele escreveu três romances. Dois deles, Um homem de verdade (Luk Phu Chai) e A Guerra da vida (Songkram Chiwit), se destacaram. Em 1929, Kulap reuniu seus amigos em um grupo editorial conhecido como Suphapburut ("Os Cavalheiros"). Sob a liderança dele, o grupo se dedicaria ao jornalismo.[4]

Em 1934, Kulap passaria três meses em retiro como bhikkhu (monge budista). Depois disso ele escreveria um romance religioso, Enfrentando a transgressão (Phajon Barb). No ano seguinte, ele se casa com Chanid Priyacharnkun. Mais tarde, ela se tornaria a tradutora de três romances de Jane Austen (sob o pseudônimo de "Juliet"), e o ajudaria a traduzir Pool, de W. Somerset Maugham, bem como No Exílio, de Anton Chekhov, e Mãe, de Maxim Gorky.[5]

No início de 1936, Kulap seria coagido a renunciar ao seu trabalho como jornalista. No final daquele ano, ele vai estudar no Japão e, ao retornar, escreve A Selva da Vida (Pa Nai Chiwit) e sua obra-prima, o romance Por Trás da Pintura (Khang Lang Phap). As duas obras seriam serializadas em 1937. Por trás da Pintura foi adaptado para o cinema em duas ocasiões, em 1985 pelo diretor Piak Poster[6] e em 2001 pelo diretor Cherd Songsri.[7]

Em 1939, Kulap retornaria à escrita de textos jornalísticos. Ele e seus companheiros reiniciaram o Suphapburut, que estava inativo. Em 1944 e 1945, Kulap seria eleito presidente da Associação de Jornais Tailandeses. No final de 1947, ele e sua esposa Chanid deixariam a Tailândia por dois anos e viajariam para a Austrália, onde ele estudaria Ciência Política. Ao retornar, fundaria uma editora para publicar suas próprias obras e as de seus amigos em edições baratas. Ele também escreveu vários outros livros, incluindo Até nos encontrarmos de novo (Chon Kwa Rao Cha Phop Kan Ik).[8]

Prisão e autoexílio

Em 1951, durante o segundo mandato do ditador e marechal Plaek Phibunsongkhram, Kulap criaria a Fundação para a Paz da Tailândia. No ano seguinte, ele protesta contra a Guerra da Coreia e também exige o fim da censura à imprensa. Quando foi distribuir comida e cobertores aos necessitados no Isan (nordeste da Tailândia), ele acabaria incluído numa lista de mais de cem "agitadores" presos em 10 de novembro de 1952. Acusado de traição e condenado a cerca de 14 anos de prisão, ele seria libertado em fevereiro de 1957 devido à celebração do advento do 25° século budista. Durante seus anos na prisão, Kulap escreveria os dois primeiros volumes de uma trilogia inacabada Olhando para o Futuro (Lae Pai Khang Na).[9]

Siburapha com Zon Enlai na China.

Em 1958, Kulap liderava uma delegação de escritores na China na Conferência de Escritores Afro-Asiáticos em Tashkent, quando houve um golpe de Estado na Tailândia. Todos os membros da delegação de Kulap seriam, portanto, presos e encarcerados ao retornar. Confrontado com a possibilidade de voltar para a cadeia, Kulap escolhe permanecer na China, onde levaria a vida de uma "personalidade democrática" no exílio. Morando na China, ele passa a dar aulas de literatura tailandesa na Universidade de Pequim, além de contribuir para as atividades culturais da Frente de Solidariedade Afro-Asiática e para o serviço tailandês do sistema de rádio da China. Ele morreria na China de complicações resultantes de pleurisia em 16 de junho de 1974.[10]

O filho de Kulap, Surapan, foi casado com Wanee, a filha de Pridi Banomyong e Poonsuk Banomyong. Foi realizada em Bangkok, entre os dias 14 e 15 de dezembro de 2005, a celebração do 100º centenário de Kulap, organizada pela Associação de Escritores Tailandeses e pela Comissão Nacional Tailandesa para a UNESCO. A esposa de Kulap, Chanid, morreria em 15 de junho de 2010. No ano seguinte, em 28 de julho, Surapan Saipradit, filho de Kulap, morreria de câncer aos 72 anos.[11][12]

Legado

Foi criado em sua homenagem o Prêmio Sriburapha, que premia anualmente quem se destaca pela excelência em escrita, jornalismo e artes.[13]

Obras

Romances

  • Chao Hua Chai (จ้าวหัวใจ; 1924)
  • Khom Sawat Bat Chit (คมสวาทบาดจิต; 1924)
  • Luk Phu Chai (ลูกผู้ชาย; 1928)
  • Prap Phayot (ปราบพยศ; 1928)
  • Man Manut (มารมนุษย์; 1928)
  • Lok Sanniwat (โลกสันนิวาส; 1928)
  • Hua Chai Pratthana (หัวใจปรารถนา; 1928)
  • Amnat Chai (อำนาจใจ; 1930)
  • Saen Rak Saen Khaen (แสนรักแสนแค้น; 1930)
  • Songkhram Chiwit (สงครามชีวิต; 1932; baseado na obra de Dostoievsky Бедные люди [Poor Folk])
  • Phachon Bap (ผจญบาป; 1934)
  • Sing Thi Chiwit Tongkan (สิ่งที่ชีวิตต้องการ; serializada em 1935, compilada em 1939)
  • Khang Lang Phap (ข้างหลังภาพ; 1937)
    • Traduzido como Behind the Painting por David Smyth em 1990. Crítica de Tony Waters at Ethnography.com
  • Pa Nai Chiwit' (ป่าในชีวิต; serializada 1937-1938, compilada 1988)
  • Chon Kwa Rao Cha Phop Kan Ik (จนกว่าเราจะพบกันอีก; 1950)
  • Lae Pai Khang Na (แลไปข้างหน้า; dois volumes, 1955 e 1957, publicada primeiramente em conjunto em 1975)

Coleção de contos

  • Kham Khan Rap (คำขานรับ)
  • Kho Raeng Noi Thoe (ขอแรงหน่อยเถอะ)

Poesia

  • Atchayakon Phu Ploi Nok Phirap (อาชญากรผู้ปล่อยนกพิราบ)
  • Phalang Prachachon (พลังประชาชน)

Não-ficção

  • Khaphachao Dai Hen Ma (ข้าพเจ้าได้เห็นมา; 1931)
  • Kan Mueang Khong Prachachon (การเมืองของประชาชน; 1957, sob o pseudônimo Itsarachon [อิสสรชน])
  • Pai Sahaphap Sowiat (ไปสหภาพโซเวียต; 1958)
  • Manutsayaphap (มนุษยภาพ)
  • Bueang Lang Kan Patiwat 2475 (เบื้องหลังการปฏิวัติ ๒๔๗๕)
  • Du Nak Sueksa Mo Tho Ko Duay Waen Khao (ดูนักศึกษา ม.ธ.ก. ด้วยแว่นขาว)

Traduções

  • Pool por Somerset Maugham, traduzido como Sa Sawat (สระสวาท)
  • In Exile por Anton Chekhov, traduzido como Khao Thuk Bangkhap Hai Pen Khun Chon (เขาถูกบังคับให้เป็นขุนโจร)
  • Mother por Maxim Gorky, traduzido como Mae (แม่)

Referências

  1. «ประวัติศรีบูรพา – กองทุนศรีบูรพา» (em tailandês). Consultado em 14 de setembro de 2024 
  2. «กุหลาบ สายประดิษฐ์». praphansarn.com (em tailandês). Consultado em 14 de setembro de 2024 
  3. «ประวัติศรีบูรพา – กองทุนศรีบูรพา» (em tailandês). Consultado em 15 de setembro de 2024 
  4. «กุหลาบ สายประดิษฐ์ :: นักคิด นักเขียน». www.baanjomyut.com. Consultado em 15 de setembro de 2024 
  5. «ประวัติศรีบูรพา – กองทุนศรีบูรพา» (em tailandês). Consultado em 15 de setembro de 2024 
  6. Poster, Pieak; Lumpoon, Amphol; Ohsiri, Juree (27 de abril de 1985), Khang lang phap, Five Stars Production Company, consultado em 15 de setembro de 2024 
  7. Songsri, Cherd; Wongpuapan, Theeradej; Ayudhya, Art-Ong Chumsai Na (30 de março de 2001), Khang lang phap, consultado em 15 de setembro de 2024 
  8. «กุหลาบ สายประดิษฐ์ :: นักคิด นักเขียน». www.baanjomyut.com. Consultado em 14 de setembro de 2024 
  9. «ประวัติศรีบูรพา – กองทุนศรีบูรพา» (em tailandês). Consultado em 15 de setembro de 2024 
  10. «ประวัติศรีบูรพา – กองทุนศรีบูรพา» (em tailandês). Consultado em 15 de setembro de 2024 
  11. «"สุรพันธ์ สายประดิษฐ์" บุตรชาย "ศรีบูรพา" เสียชีวิตในวัย 72 ปี : มติชนออนไลน์». Consultado em 26 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 26 de fevereiro de 2017 
  12. «กุหลาบ สายประดิษฐ์ นักประพันธ์ของประชาชน». web.archive.org. 24 de dezembro de 2010. Consultado em 14 de setembro de 2024 
  13. «นักเขียนรางวัลศรีบูรพา – กองทุนศรีบูรพา» (em tailandês). Consultado em 15 de setembro de 2024 

Leitura adicional

  • Smyth, David A. (1984). "Sībūraphā and Some Ups and Downs in a Literary Career" . Artigo apresentado na Conferência Internacional sobre Estudos Tailandeses, Bangkok, 22–24 de agosto.
  • Smyth, David A. (1987). "The Later Short Stories of Sībūraphā" . Em Jeremy HCS Davidson (ed.), Laī Sū' Thai: Ensaios em homenagem a EHS Simmonds, pp. 98. Londres: Escola de Estudos Orientais e Africanos.
  • Smyth, David A. (1988). A Study of the Major Fiction of Kulāp Sāipradit (pseud. 'Sībūraphā') . Dissertação de doutorado não publicada, Escola de Estudos Orientais e Africanos.
  • Smyth, David A. (2019). Kulap Saipradit ('Sriburapha'): Journalist and Writer in Early 20th Century Siam. Bangkok: White Lotus Press.ISBN 9789748434711ISBN 9789748434711.