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Haddon Hall

Haddon Hall
Haddon Hall em 2010
Informações gerais
TipoCasa de campo
Estilo dominanteEstilo Tudor
ConstruçãoSéculo XII
Websitehttps://www.haddonhall.co.uk/
Geografia
PaísReino Unido
LocalizaçãoBakewell
Coordenadas53° 11′ 38″ N, 1° 38′ 59″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

Haddon Hall é uma casa senhorial inglesa situada junto ao rio Wye, nas proximidades de Bakewell, no Derbyshire. Antiga residência dos Duques de Rutland, é atualmente habitada por Lorde Edward Manners (irmão do atual duque) e pela sua família. Trata-se de uma casa senhorial medieval que tem sido descrita como «a mais completa e interessante residência do seu período».[1] As origens do edifício remontam ao século XI, tendo sido objeto de sucessivas ampliações entre os séculos XIII e XVII, estas últimas em estilo Tudor.

A família Vernon adquiriu o senhorio de Haddon por via de um casamento ocorrido no século XII entre Sir Richard de Vernon e Alice Avenell, filha de William Avenell II. Quatro séculos mais tarde, em 1563, Dorothy Vernon, filha e herdeira de Sir George Vernon, casou com John Manners, segundo filho de Thomas Manners, 1.º Conde de Rutland. No século XIX, desenvolveu-se a lenda de que Dorothy e John Manners teriam fugido para casar. Essa história inspirou romances, peças teatrais e outras obras de ficção. Independentemente da veracidade da narrativa, Dorothy herdou a casa, e o neto de ambos, também chamado John Manners, herdou o condado em 1641, sucedendo a um primo afastado. O seu filho, igualmente John Manners, foi elevado à dignidade de 1.º Duque de Rutland em 1703. Já no século XX, outro John Manners, 9.º Duque de Rutland, dedicou grande parte da sua vida à restauração da casa.

Long Gallery de Haddon Hall, c. 1890

As origens de Haddon Hall remontam ao século XI. William Peverel detinha o senhorio de Haddon em 1087, aquando da realização do levantamento que resultou no Domesday Book. Embora nunca tenha sido um castelo, o senhorio de Haddon foi protegido por uma muralha após a concessão de uma licença para a sua construção, em 1194.[2] A propriedade foi confiscada pela Coroa em 1153 e posteriormente transferida para um arrendatário dos Peverel, a família Avenell. Sir Richard de Vernon adquiriu o senhorio em 1170, após casar com Alice Avenell, filha de William Avenell. Os Vernon foram responsáveis pela construção da maior parte do edifício, com exceção da Torre de Peveril e de parte da Capela de São Nicolau, que são anteriores, bem como da Long Gallery, edificada no século XVI.[3][4]

Long Gallery de Haddon Hall, 2017

O filho de Richard, Sir William Vernon, exerceu os cargos de High Sheriff de Lancashire e Chief Justice de Cheshire.[5] Entre os membros mais notáveis da família destacam-se Sir Richard Vernon (1390–1451), também High Sheriff, deputado e Presidente da Câmara dos Comuns.[5] O seu filho, Sir William Vernon, foi Knight-Constable of England e sucedeu-lhe como Tesoureiro de Calais e deputado por Derbyshire e Staffordshire. O seu neto, Sir Henry Vernon, KB (1441–1515), Governador e Tesoureiro de Artur, Príncipe de Gales, casou com Anne Talbot, filha do Conde de Shrewsbury, e reconstruiu Haddon Hall.[5]

Sir George Vernon (c. 1503 – 31 de agosto de 1565) teve duas filhas, Margaret e Dorothy. Em 1563, Dorothy casou com John Manners, segundo filho de Thomas Manners, 1.º Conde de Rutland.[6] Sir George terá, alegadamente, desaprovado o casamento, possivelmente por os Manners serem protestantes enquanto os Vernon eram católicos, ou por o segundo filho de um conde ter perspectivas financeiras incertas.[7] Segundo a lenda, Sir George proibiu John Manners de cortejar a célebre Dorothy e impediu a filha de voltar a vê-lo.[8] Durante um baile oferecido por Sir George em Haddon Hall, em 1563, Dorothy ter-se-á escapado discretamente, protegida pela multidão. Fugiu pelos jardins, desceu os degraus de pedra e atravessou uma pequena ponte, onde John Manners a esperava, e partiram juntos para casar-se.[9] Caso a fuga tenha realmente ocorrido, o casal reconcilou-se com Sir George pouco tempo depois, uma vez que herdaram a propriedade aquando da sua morte, dois anos mais tarde.[9][10] O neto de ambos, também chamado John Manners, herdou o condado em 1641, após a morte de um primo afastado, George, 7.º Conde de Rutland, cujos bens incluíam o Castelo de Belvoir.

O filho daquele John Manners foi John, o 9.º Conde de Rutland, que foi elevado à dignidade de 1.º Duque de Rutland em 1703. Mudou-se para o Castelo de Belvoir, e os seus herdeiros utilizaram Haddon Hall muito pouco, razão pela qual a casa permaneceu praticamente inalterada, conservando o seu estado do século XVI, tal como se encontrava quando passou, em 1567, para a família Manners por via matrimonial.

Na década de 1920, outro John Manners, o 9.º Duque de Rutland, reconheceu a importância histórica do edifício e iniciou um processo de restauro minucioso que se prolongou ao longo da sua vida, com o apoio do arquiteto de conservação Harold Brakspear.

A atual casa senhorial de traça medieval e Tudor inclui pequenas secções da estrutura original do século XI, mas é composta sobretudo por aposentos e alas adicionais construídos por várias gerações da família Vernon. Foram realizadas obras significativas em diversas fases, entre os séculos XIII e XVI. O salão de banquetes (com galeria para músicos), as cozinhas e o salão familiar datam de 1370, e a Capela de São Nicolau foi concluída em 1427. Durante gerações, as pinturas murais anteriores à Reforma foram protegidas sob uma camada de cal.

Vista de Haddon Hall, mostrando a Ponte Dorothy Vernon sobre o rio Wye

O 9.º Duque criou o jardim murado com topiária junto à casa anexa às cavalariças, incorporando formas heráldicas podadas em buxo, como a cabeça de javali e o pavão, emblemas respetivamente das famílias Vernon e Manners. Haddon Hall permanece na posse da família Manners até aos dias de hoje,[11] sendo atualmente habitada por Lorde Edward Manners, irmão do 11.º Duque de Rutland, e pela esposa, desde que, em 2016, decidiram fixar residência na propriedade.[4][12]

A casa foi classificada como edifício de Grau I em 1951,[13] na sequência da promulgação do Town and Country Planning Act de 1947. A propriedade e os jardins foram classificados separadamente como de Grau I em 1984, integrando o Register of Historic Parks and Gardens.[14]

Em 2011, foi identificado que as fundações da casa necessitavam de reparações urgentes, de forma a prevenir danos potenciais no teto ornamentado em estuque e na ala central da Long Gallery, mas os proprietários não dispunham de meios financeiros para custear as obras.[15] m 2021, um subsídio de 262 662 libras concedido pela Historic England, juntamente com um apoio adicional de 50 000 libras da Historic Houses Foundation, permitiu o início dos trabalhos.[16][17][18][19][20]

A casa situa-se num terreno em declive e organiza-se em torno de dois pátios: o pátio superior (nordeste) alberga a Torre Peverel, também conhecida como Torre da Águia, e a Long Gallery; o pátio inferior (sudoeste) contém a capela, enquanto o Grande Salão se encontra entre ambos. Tal como era habitual na época em que a casa foi construída, muitas das divisões só são acessíveis a partir do exterior ou através da passagem por outras divisões, tornando a casa inconveniente segundo padrões posteriores.

Planta de Haddon Hall, 1909[1]

Na literatura e nas artes

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Cartaz: produção de 1906 de Dorothy Vernon of Haddon Hall

Haddon Hall tem desempenhado um papel destacado em várias obras literárias e teatrais, muitas das quais retratam a fuga dos Vernon/Manners, incluindo as seguintes:

  • Uma história intitulada King of the Peak – A Derbyshire Tale, escrita por Allan Cunningham, publicada na London Magazine em 1822;
  • Um romance de 1823, The King of the Peak – A Romance, em três volumes, escrito por William Bennett (1796–1879) sob o pseudónimo Lee Gibbons;[21]
  • The Love Steps of Dorothy Vernon, um conto curto de Eliza Meteyard (1816–1879), escrito sob pseudónimo em 1849, foi a primeira versão completa da lenda. Foi publicado inicialmente na edição de 29 de dezembro de 1849 do Eliza Cook's Journal e posteriormente em The Reliquary, outubro de 1860, p. 79;[22]
  • Uma ópera ligeira intitulada Haddon Hall, com música de Arthur Sullivan e libreto de Sydney Grundy, estreou em Londres em 1892;
  • O romance Dorothy Vernon of Haddon Hall, escrito em 1902 pelo norte-americano Charles Major, tornou-se um best-seller;
  • Uma peça de teatro com o mesmo título, baseada no romance de Major, foi escrita pelo dramaturgo norte-americano Paul Kester e estreou na Broadway em 1903.[23] Fred Terry e a sua esposa Julia Neilson adaptaram a peça para Londres, sob o título Dorothy o' the Hall, onde foi representada em 1906;[24][25]
  • O filme de 1924 Dorothy Vernon of Haddon Hall, protagonizado por Mary Pickford, foi adaptado pelo argumentista norte-americano Waldemar Young (neto de Brigham Young) a partir do romance de Major;[26]
  • Frederick Booty, aguarelista inglês, pintou Haddon Hall várias vezes, incluindo imagens dos pavões nos jardins;[27]
  • O pintor inglês Joseph Nash retratou o salão principal a óleo em 1838; esta pintura foi posteriormente utilizada (com alterações) como capa do álbum Minstrel in the Gallery (1975), da banda de rock progressivo Jethro Tull.[28]

Local de filmagem

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Haddon Hall tem sido utilizado como local de filmagem para as seguintes produções televisivas:

  • Treasure Houses of Britain (1985);
  • The Silver Chair (1990);
  • Jane Eyre (2006);[29]
  • A Tudor Feast at Christmas (2013);[30]
  • Time Crashers (2015);[31]
  • Gunpowder (2017).[32]

Foi também local de filmagem em longas-metragens como:

  1. a b «Gotch JA, The Growth of the English House, 1909» (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 3 de agosto de 2020 
  2. Davis, Philip. "English Licences to Crenellate: 1199–1567" Arquivado em 4 fevereiro 2021 no Wayback Machine, The Castle Studies Group Journal 20, 2007, pp. 226–45 (em inglês)
  3. "Haddon Hall" Arquivado em 5 março 2021 no Wayback Machine, PeakDistrictInformation.com, consultado em 1 de agosto de 2025 (em inglês)
  4. a b "Haddon Hall: History and Virtual Tour; Owners of Haddon Hall" Arquivado em 4 julho 2019 no Wayback Machine, HaddonHall.co.uk, consultado em 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  5. a b c Brydges, Edgerton. Collins's Peerage of England, Vol. VII (1812), pp. 399–401 (em inglês)
  6. Trutt, p. 24 (em inglês)
  7. Walford, Edward. "Tales of Our Great Families: The Heiress of Haddon Hall" Arquivado em 25 fevereiro 2012 no Wayback Machine. 1877, Haddon Hall Books edition 2010, consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  8. Trutt, p. 7 (em inglês)
  9. a b Trutt, p. 8; Embora se saiba que a irmã mais velha de Dorothy, Margaret, já era casada há vários anos antes do matrimónio de Dorothy, muitas versões da lenda apresentam o baile como uma celebração pré-nupcial de Margaret. (em inglês)
  10. See "Haddon Hall" Arquivado em 2020-11-29 no Wayback Machine. Britain Express, accessed 6 September 2011; and "Haddon Hall" Arquivado em 2007-08-16 no Wayback Machine. Picturesque England, mspong.org, consultado em 6 de setembro de 2011. A história foi mencionada brevemente no diário pessoal de Absalom Watkin, em 1817, após uma visita à casa e ao seu guardião, William Hage. No entanto, na sua versão completa, foi publicada pela primeira vez (ou documentada pela primeira vez, caso se considere tratar-se de um facto histórico e não de uma lenda) em The King of the Peak – A Derbyshire Tale, obra de Allan Cunningham, escrita em 1822 e publicada na revista mensal London Magazine. A história viria a ser ainda mais romantizada e publicada em diversas versões ao longo dos anos.
  11. "Haddon Hall – the Estate" Arquivado em 2018-02-08 no Wayback Machine. The Gilbert and Sullivan Archive, consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  12. Family will be the first to live in Haddon Hall for nearly 200 years Arquivado em 2022-03-06 no Wayback Machine Derbyshire Times (em inglês)
  13. «Haddon Hall Programme - First Night». gsarchive.net (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025 
  14. «Family will be the first to live in Haddon Hall for nearly 200 years». Derbyshire Times (em inglês). 24 de março de 2016. Consultado em 2 de agosto de 2025 
  15. «Haddon Hall gets Covid recovery funding for essential repairs to Elizabethan architectural masterpiece». Derbyshire Times (em inglês). 24 de outubro de 2021. Consultado em 2 de agosto de 2025 
  16. Cash boost to restore part of Derbyshire's Haddon Hall described as 'the most perfect English house to survive from the Middle Ages' Arquivado em 2022-03-04 no Wayback Machine Derbyshire Times Consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  17. Haddon Hall, Derbyshire Arquivado em 2022-03-04 no Wayback Machine Historic Houses Foundation. Consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  18. Haddon Hall subsidence repairs secure funding Arquivado em 2022-03-04 no Wayback Machine BBC News, Consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  19. Derbyshire's Haddon Hall at risk without 'vital' repair work Derbyshire Times, 23 de novembro de 2021. Consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  20. Race to rescue historic Derbyshire hall Arquivado em 4 março 2022 no Wayback Machine Derby Telegraph, 27 de dezembro de 2021. Consultado 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  21. Trutt (2006), p. 26 (em inglês)
  22. Trutt (2006), p. 39 (em inglês)
  23. «"Dorothy Vernon of Haddon Hall" - first Broadway production» (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2007 
  24. Smith, p. 28, fn.1 (em inglês)
  25. Trutt, David. Introduction and libretto to Dorothy o' the Hall Arquivado em 2021-07-18 no Wayback Machine. Consultado em 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  26. a b "Films and Television programmes featuring Haddon Hall" Arquivado em 2018-05-23 no Wayback Machine, The Estate Office, Haddon Hall. Consultado em 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  27. Art auction results for Frederick Booty Arquivado em 2011-07-11 no Wayback Machine. Findartinfo.com. Consultado em 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  28. «Jethro Tull – Minstrel in the Gallery [1975]» (em inglês). Vinyl Connection. 4 de setembro de 2015. Consultado em 2 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 10 de agosto de 2024 
  29. "Thornfield Hall in Masterpiece Theatre's Jane Eyre Arquivado em 2009-06-03 no Wayback Machine, hookedonhouses.net. Consultado em 2 de agosto de 2025 (em inglês)
  30. «"A Tudor Feast at Christmas"» (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 14 de janeiro de 2009 
  31. Raeside, Julia (24 de agosto de 2015). «Time Crashers review: a great cast gets down and dirty in Olde England». The Guardian (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 5 de maio de 2021 
  32. Hordley, Chris (20 de outubro de 2017). «Where was BBC's Gunpowder Filmed?» (em inglês). Creative England. Consultado em 2 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 4 de maio de 2019 
  33. Elwes, Cary; Layden, Joe (2014). As You Wish: Inconceivable Tales from the Making of The Princess Bride (em inglês). [S.l.]: Touchstone Books. pp. 112–114 
  34. Elwes, Cary; Layden, Joe (2014). As You Wish: Inconceivable Tales from the Making of The Princess Bride (em inglês). [S.l.]: Touchstone Books. pp. 111–113 
  35. Ward, David (28 de setembro de 2006). «Haddon Hall fire was screen burn». The Guardian (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025 
  36. a b c Rabbett, Abigail (6 de junho de 2024). «Haddon Hall: The magnificent Derbyshire manor house that's been the backdrop for blockbuster films». Derby World (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025 
  37. Medd, James (3 de fevereiro de 2019). «Where was 'Mary Queen of Scots' filmed?» (em inglês). Condé Nast Traveller. Consultado em 2 de agosto de 2025 
  38. Tangcay, Jazz (7 de novembro de 2019). «'The King' Production Designer Fiona Crombie on How She Recreated 15th Century England» (em inglês). Variety. Consultado em 2 de agosto de 2025 
  39. Bolton, Gay (26 de maio de 2023). «Filming of Jude Law movie Firebrand entirely at Haddon Hall is estimated to have pumped £3million into Peak District economy». Derbyshire Times (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2025 

Outras leituras

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Ligações externas

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