Glauco Mattoso

Glauco Mattoso
Glauco Mattoso
O poeta Glauco Mattoso
Nome completo Pedro José Ferreira da Silva
Nascimento 29 de junho de 1951 (72 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Escritor
Gênero literário Romance, poesia
Magnum opus Dicionarinho do palavrão & correlatos: inglês-português, português-inglês

Glauco Mattoso, pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva, (São Paulo, 29 de junho de 1951) é um escritor brasileiro.

Seu nome artístico é um trocadilho com glaucomatoso, termo usado para os que sofrem de glaucoma, doença que o fez perder progressivamente a visão, até a cegueira total em 1995. É também uma alusão a Gregório de Matos, de quem se considera herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.[1] O próprio se declara um "anarquista intelectual".

Biografia

[carece de fontes?]Glauco cursou biblioteconomia na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e Letras na Universidade de São Paulo. Nos anos 70, participou da resistência cultural à ditadura militar através do grupo dos "poetas marginais". Além de editar o fanzine poético-panfletário Jornal Dobrabil (trocadilho com o Jornal do Brasil e o formato dobrável dos folhetos satíricos), colaborou em diversos periódicos da imprensa alternativa, tais como o tabloide gay Lampião e o humorístico O Pasquim.[2]

Na década de 80, publicou trabalhos em revistas como Chiclete com Banana, Tralha, Mil Perigos, SomTrês, Top Rock, Status e Around, ensaios e críticas literárias no Jornal da Tarde, além de diversos volumes de poesia e prosa. Em 1982, edita a Revista Dedo Mingo, como um suplemento do Jornal Dobrabil.

Nos anos 90, perde por completo a visão em decorrência do glaucoma de que sofria há anos. Deixa de lado a criação gráfica (história em quadrinhos e poesia concreta) e passa a dedicar-se a escrever letras de músicas e à produção fonográfica. Com o professor da USP Jorge Schwartz, ganha o Prêmio Jabuti pela tradução que ambos fazem da obra inaugural de Jorge Luis Borges, Fervor de Buenos Aires.

Nos anos mais recentes, retorna à criação de poesia escrita e textos virtuais, produzindo textos e poesias para a internet, colaborando em revistas eletrônicas e impressas, tais como a Caros Amigos.

Obra

A obra de Glauco Mattoso caracteriza-se pela exploração de temas polêmicos, tais como a violência e a discriminação. O autor tem a reputação de "poeta maldito", uma espécie de boca do inferno moderno ou Bocage pornográfico do século XX [3].

Livros

  • Apocrypho Apocalypse (1975) - coletânea com outros poetas
  • Maus Modos do Verbo (1976) - coletânea com outros poetas
  • Jornal Dobrabil: 1977/1981 (1981) - reedição fac-similar em 2001
  • Memórias de um Pueteiro (1982)
  • Línguas na Papa (1982)
  • O Calvário dos Carecas: História do Trote Estudantil (1985)
  • Manual do Podolatra Amador: Aventuras & Leituras de Um Tarado Por Pés (1986)[2][4]
  • Rockabillyrics (1988)
  • Limeiriques & Outros Debiques Glauquianos (1989)
  • Haicais Paulistanos (1992)
  • Galeria Alegria (2002)
  • O Glosador Motejoso (2003)
  • Animalesca Escolha (2004)
  • Pegadas Noturnas: Dissonetos Barrockistas (2004)
  • Poética na Política (2004)
  • Poesia Digesta: 1974-2004 (2004)
  • A Planta da Donzela (2005)
  • A Aranha Punk (2007)
  • A Letra da Ley (2008)
  • O Cancioneiro Carioca e Brasileiro (2008)
  • Contos Hediondos (2009)
  • Cinco Ciclos e Meio Século (2009)
  • Tripé do Tripúdio e Outros Contos Hediondos (2011)
  • Raymundo Curupyra, O Caypora: Romance Lyrico (2012)
  • Cautos Causos (2012)
  • Outros Cautos Causos (2012)
  • Sacola de Feira (2014). Finalista do Prémio Oceanos 2015.[5]
  • Poesia Vaginal: Cem Sonnettos Sacanas (2015)

Projeto Poético "1100 Sonetos em Cinco Anos"

  • Centopéia: Sonetos Nojentos & Quejandos (1999)
  • Paulisséia Ilhada: Sonetos Tópicos (1999)
  • Geléia de Rococó: Sonetos Barrocos (1999)
  • Panacéia: Sonetos Colaterais (2000)
  • Contos Familiares: Sonetos Requentados (2003)
  • Cara e Coroa, Carinho e Carão (2004)
  • Sonetário Sanitário (2003)
  • As Mil e Uma Línguas (2003)
  • Cavalo Dado: Sonetos cariados (2004)

Curiosidades

Glauco Mattoso foi citado por Caetano Veloso na sua música Língua.

Glauco Mattoso em fevereiro de 2008 completou dois mil e trezentos sonetos de uma série iniciada em 1999, superando a histórica marca do italiano Giuseppe Belli (1791-1863), que, em 1849, teria composto, segundo consta, seu soneto de número 2.279 numa obra produzida mormente entre 1830 e 1839. Mattoso tem com Belli outra afinidade, além da copiosa produção: a sátira fescenina, que abusa da pornografia e da escatologia. Também no aspecto linguístico há paralelos: Belli versejava no dialeto romanesco, falado na periferia da capital italiana, enquanto Mattoso incorpora ao português brasileiro as gírias suburbanas e os neologismos contraculturais da segunda metade do século XX, de mistura com o vernáculo castiço e com o rigor formal, típicos do soneto clássico, composto em decassílabos predominantemente heroicos. A diferença entre ambos os "malditos" está na postura: Belli cedeu às pressões moralistas e aderiu à autoridade católica, renegando o anticlericalismo que caracterizara sua temática; Mattoso se mantém anarquicamente independente de quaisquer ideologias ou fisiologias, fiel unicamente à sua biografia de cego sadomasoquista e fetichista. Belli, mundialmente reconhecido, foi traduzido também para o inglês; Mattoso, que tem sido objeto de estudos acadêmicos na América Latina e nos Estados Unidos, alcança agora as universidades europeias. Glauco também traduziu "A Bíblia Skinhead - Espírito de 69" de George Marshall, cujo nome original é Spirit of 69' A Bible of Skinhead.

Referências

  1. http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/quem.htm
  2. a b Facchini, Regina; Machado, Sarah Rossetti (agosto de 2013). «"Praticamos SM, repudiamos agressão": classificações, redes e organização comunitária em torno do BDSM no contexto brasileiro». Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro): 195–228. ISSN 1984-6487. doi:10.1590/S1984-64872013000200014. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  3. http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=35055&cat=Artigos&vinda=S
  4. Mattoso, Glauco (2006). Manual Do Podolatra Amador. [S.l.]: Casa do Psicólogo. ISBN 9788599893180 
  5. «Chico Buarque e Glauco Mattoso são finalistas do prêmio Oceanos; veja lista - 11/11/2015 - Ilustrada». Folha de S.Paulo 

Ver também

Ligações externas

  • Sonetário Brasileiro
  • Artigo sobre Glauco Mattoso na Revista Cult nº 155, de março de 2011
  • v
  • d
  • e
Prêmio Jabuti - Poesia (1959 - 2020)
1959 – 1969

1959: José Paulo Moreira da Fonseca 1960: Sosigenes Costa 1961: Cassiano Ricardo 1962: Mário da Silva Brito 1963: Mário Chamie 1964: Cecília Meireles 1965: Cassiano Ricardo 1966: Carlos Soule do Amaral • 1967: João Cabral de Melo Neto 1968: Carlos Drummond de Andrade 1969: Stella Carr Ribeiro

1970 – 1979
1980 – 1989

1980: Sebastião Uchoa Leite 1981: Rubens Rodrigues Filho 1982: Francisco Alvim 1983: Orides Fontela 1984: Hilda Hilst 1985: Alphonsus de Guimaraens Filho 1986: Armando Freitas Filho 1987: Ilka Brunhilde Laurito 1988: Antonio Fernando de Franceschi • 1989: Francisco Alvim Alice Ruiz

1990 – 1999

1990: Manoel de Barros 1991: Affonso Ávila 1992: Carlito Azevedo 1993: Arnaldo Antunes Moacyr Amâncio • Carlos Drummond de Andrade Inês O. Depré, Haroldo de Campos João Cabral de Melo Neto 1994: Vinicius de Moraes Rubem Braga Frederico Barbosa • Marina Colasanti 1995: Ivan Junqueira Bruno Tolentino Paulo Leminski 1996: Leonardo Fróes Renata Pallottini Dora Ferreira da Silva 1997: Waly Salomão Thiago de Mello Carlos Drummond de Andrade Cecília Meireles A. B. Mendes Cadaxa • 1998: Alberto da Costa e Silva Reynaldo Valinho Alvarez • Marly de Oliveira 1999: Haroldo de Campos Gerardo Melo Mourão Salgado Maranhão

2000 – 2009

2000: Thiago de Mello Moacyr Félix • Ferreira Gullar 2001: Anderson Braga Horta Lêdo Ivo Alberto da Costa e Silva 2002: Claudia Roquette Pinto • Thiago de Mello Ivo Barroso 2003: Bruno Tolentino Geraldo Melo Mourão Marcus Accioly 2004: Alexei Bueno Marco Lucchesi Alphonsus de Guimaraens Filho Armando Freitas Filho 2005: Dora Ferreira da Silva Neide Archanjo • Artur Eduardo Benevides Antonio Risério, Frederico Barbosa • 2006: Affonso Romano de Sant'Anna Ruy Espinheira Filho Domingos Pellegrini 2007: Affonso Ávila Neide Archanjo • Armando Freitas Filho Bruno Tolentino (In Memorian) • 2008: Ivan Junqueira Marcus Vinicius Quiroga • Paulo Fernando Henriques Britto • 2009: Alice Ruiz Viviana Bosi • Eucanaã Ferraz Reynaldo Bessa

2010 – presente

2010: Marina Colasanti Reynaldo Jardim Silveira • Armando Freitas Filho 2011: Ferreira Gullar Gilberto Mendonça Teles Ricardo Aleixo 2012: Maria Lúcia Dal Farra Zulmira Ribeiro Tavares Josely Vianna Baptista • 2013: Ademir Assunção Glauco Mattoso • Antonio Cicero 2014: Horácio Costa Marcus Vinicius Quiroga • Zuca Sardan 2015: Alexandre Guarnieri Marco Lucchesi Manoel Herzog • 2016: Arnaldo Antunes Salgado Maranhão Leonardo Aldrovandi • 2017: Simone Brantes Luci Collin Daniel Francoy • 2018: Mailson Furtado Viana 2019: Hilda Machado 2020: Cida Pedrosa