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Clube Atlético Pirelli

Pirelli
Clube Desportivo
Clube Atlético Pirelli
Nome Clube Atlético Pirelli
Cores amarelo, azul, vermelho
Nomes Anteriores Associação Desportiva Classista Pirelli
Modalidades Atletismo
Basquetebol
Boxe
Ciclismo
Judô
Voleibol
Informações
Localização Santo André, Brasil
Fundação 13 de maio de 1947[1]
Extinção março de 1994
Proprietário Pirelli Pneus Ltda.


O Clube Atlético Pirelli foi uma agremiação poliesportiva brasileira da cidade de Santo André, no ABC paulista. O clube foi fundado em 1947 para atender aos funcionários da empresa homônima e seus familiares, passando a investir de forma competitiva no esporte a partir de 1975, quando tornou-se a Associação Desportiva Classista Pirelli.[2] Em 1984, o clube voltou a ser chamado pelo seu nome original.[3][4]

Entre as décadas de 1960 e 1970, a equipe da Pirelli teve como principal modalidade o boxe, com Servílio de Oliveira.[5] Mas foi no vôlei que a equipe deixou seu maior legado no esporte brasileiro, entre 1978 e 1994.[2] Na década de 1980, o Clube Atlético Pirelli foi, juntamente com a Atlântica Boavista, a base da Geração de Prata da Seleção Brasileira de Voleibol Masculino, tendo nomes como William, Montanaro, Xandó e Amauri.[6][7]

O clube foi fundado em 13 de maio de 1947 pela multinacional Pirelli, instalada na cidade de Santo André desde 1929, com o objetivo de atender exclusivamente as necessidades esportivas e recreativas das famílias de seus funcionários.[8] Com a chegada da lei nº 6.251 em 1975, o clube se torna uma Associação Desportiva Classista, e a Pirelli amplia o investimento nas modalidades esportivas.[9] O clube logo passou a obter resultados de destaque graças aos pioneiros centros de treinamentos e aos aportes financeiros da multinacional italiana, que chegou a investir cerca de 6 milhões de dólares no esporte em um único ano.[10]

A Pirelli deixou de investir no esporte em 1992. A equipe masculina de voleibol ainda permaneceu por mais dois anos, sendo encerrada em 1994 com o corte de 300 atletas.[11] Até 1997, o centro de treinamento ainda foi utilizado por funcionários da empresa.[10] Em 2001, o terreno do clube foi vendido por R$ 7 milhões para a Universidade do Grande ABC, que passou a utilizar a infraestrutura esportiva para sua faculdade de Educação Física.[12]

Na década de 70, a cidade de Santo André já havia se estabelecido como uma força no voleibol brasileiro, com o Randi Esporte Clube, campeão nacional em 1969 e a primeira equipe do país a ser campeã sul-americana.[13] Em 1974, um grupo de funcionários da Pirelli, inspirados nos clubes-empresa italianos, apresentaram para a diretoria da multinacional um plano ambicioso de formar a melhor equipe de vôlei do Brasil.[9]

A Pirelli inicialmente entrou como patrocinadora do Esporte Clube Santo André, conquistando o título paulista em 1976, tanto no masculino quanto no feminino.[14] No ano seguinte, a parceria seguiu com o vice-campeonato no masculino, perdendo para o Club Athletico Paulistano. Em 1978, a equipe passa a competir como ADC Pirelli, comandada pelo técnico José Carlos Brunoro.[15] A primeira final estadual após o fim da parceria com o EC Santo André veio já em 1979, com uma nova derrota para o Paulistano, resultado que se repetiu no ano seguinte.[14] Contando com nomes como William, Amauri, Xandó, Montanaro, Marcão, Domingos Maracanã e Maurício Jahu, a equipe masculina da Pirelli se consolidou como uma das mais vitoriosas do país.

Equipe de voleibol masculino da Pirelli de 1988.

Em 1980, venceu o Campeonato Brasileiro pela primeira vez,[9] voltando a levantar a taça em 1982[16] e 1983.[17] Em 1981, iniciou uma sequência de oito títulos estaduais consecutivos,[14][18] conquistando também seu primeiro título sul-americano.[19] Após ficar com o vice em 1982, a Pirelli consegue o bicampeonato sul-americano em 1983, vencendo também, no mesmo ano, a Copa Intercontinental de Clubes, disputada na Argentina.[20] O auge foi em 1984: no mesmo ano em que seus principais jogadores trouxeram para o Brasil a primeira medalha olímpica no voleibol, o Clube Atlético Pirelli foi bicampeão intercontinental e venceu o Mundial de Clubes (não chancelado pela FIVB), derrotando o Bradesco/Atlântica em uma final 100% brasileira.[21][22]

Em 1986 é construído o novo ginásio do clube, na Vila Homero Thon.[23] Novos jogadores se juntam à equipe, como Rui e Pampa.[24] Após perder a final do Brasileiro de 1987 para o Banespa, a Pirelli volta a conquistar o principal título nacional na temporada seguinte, derrotando a equipe de Minas e se tornando a primeira equipe a ser tetracampeã brasileira de voleibol masculino.[25] Este seria o último título conquistado pelo Clube Atlético Pirelli, que passou a ter o Banespa como seu grande algoz em finais. De 1989 até o fim do clube, foram oito vice-campeonatos, sendo três sul-americanos (1989, 1990 e 1992), três nacionais (1989-1990, 1991-1992 e 1992-1993) e dois estaduais (1989 e 1991). Com a exceção da Liga Nacional de 1992-93, vencida pelo União Suzano, todas as outras derrotas em decisões foram diante do Banespa.[19][26]

Já com o nome de Rhodia/Pirelli, o clube fez sua última participação na Liga Nacional de Vôlei na temporada 1993-94. Com William agora na função de treinador, e contando com jogadores como Talmo, Douglas, Kid, Cidão, Luís Alexandre, Bráulio e Claudinei, a equipe não consegue chegar à final.[27]

No mesmo ano em que a equipe masculina conquistou o título estadual pela primeira vez, a equipe feminina repetiu o feito, também vencendo o Paulistano na decisão. Entre 1980 e 1985, o ADC Pirelli foi finalista do Campeonato Paulista de Vôlei Feminino por seis temporadas consecutivas, conquistando o título em 1980, contra o Guarani, e em 1984,[14] contra o Paulistano, que havia derrotado a Pirelli nas três decisões anteriores da competição estadual, assim como na final do Campeonato Brasileiro de 1982.[28] Em 1986, apesar de ter ficado de fora da final do Campeonato Paulista pela primeira vez desde 1979, equipe feminina da Pirelli chegou à decisão do Campeonato Sul-Americano de Clubes, disputado em La Paz. Na final, a equipe foi derrotada pelo Deportivo Power, do Peru.[29] O Clube Atlético Pirelli voltou a disputar a final estadual nos dois anos seguintes, mas perdeu a decisão nas ocasiões.[14] Durante esse período, a Pirelli contou com várias jogadores que defenderam a Seleção Brasileira, comoFernanda Emerick (capitã do time em 1983)[30], Vera Mossa, Lenice Peluso e Rita.[31]

Outros esportes

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Basquete feminino

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A equipe feminina do Clube Atlético Pirelli foi uma das potências do basquete paulista nas décadas de 60 e 70. Entre 1965 e 1975, a Pirelli conquistou três títulos estaduais, chegando em dez finais em onze anos, com oito finais consecutivas de 1968 a 1975, além de vencer o Troféu Imprensa em 1978.[32] A equipe era treinada por Paulo Albano e tinha como principal jogadora a armadora Laís Elena, que defendeu as cores da Pirelli entre 1964 e 1977.[33][34] Além de Laís, outras jogadoras que foram condecoradas pela Federação Paulista foram Marta Sobral, Nilza Garcia, Arilza Coraça, Maria Tereza Boscariol, Cristina Punko e Odila Camargo.[35]

Nas categorias de base do basquete feminino, o Clube Atlético Pirelli foi tricampeão paulista Sub-13 (1981, 1983 e 1987), Sub-15 (1973, 1988, 1989).[32]

Servílio de Oliveira, o primeiro medalhista olímpico do Brasil no boxe, treinou e representou a ADC Pirelli por muitos anos,[5] assim como Chiquinho de Jesus.[36]

Aurélio Miguel, que se tornou o primeiro medalhista de ouro olímpico na modalidade em Seul em 1988, também representou a Pirelli.[37]

Marcos Mazzaron, medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de 1987, disputou os Jogos Olímpicos de Verão de 1984 como integrante do Clube Atlético Pirelli.

Competição Títulos Temporadas
Mundiais
Mundial de Clubes de Voleibol Masculino 1 1984[22]
Copa Intercontinental de Voleibol Masculino 2 1983,[20] 1984[38]
Continentais
Campeonato Sul-Americano de Voleibol Masculino 2 1981,[19] 1983[19]
Nacionais
Brasil Liga Nacional de Voleibol Masculino 1 1988-89[25]
Brasil Campeonato Brasileiro de Voleibol Masculino 3 1980[9], 1982[17], 1983[17]
Brasil Copa Brasil de Voleibol Masculino 1 1985[39]
Brasil Copa dos Campeões de Voleibol Masculino 1 1984[39]
Estaduais
São Paulo Campeonato Paulista de Voleibol Masculino 8 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987, 1988[40]
São Paulo Campeonato Paulista de Voleibol Feminino 2 1980,[41] 1984[41]
São Paulo Campeonato Paulista de Basquete Feminino 3 1965[32], 1974[32], 1975[32]

Ligações externas

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Referências

  1. Medici, Ademir (13 de maio de 2012). «Em tempo recorde, a reconstrução da Matriz». Diário do Grande ABC. Consultado em 7 de junho de 2025 
  2. a b Fattori, Anderson (30 de março de 2015). «Pirelli se distancia do esporte regional». Diário do Grande ABC. Consultado em 6 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 5 de abril de 2018 
  3. Lima, Daniel (28 de outubro de 1984). «Pirelli». O Estado de S. Paulo 
  4. «Guerra nas vitrines: vôlei bate futebol». Placar 745 ed. 31 de agosto de 1984. p. 60. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  5. a b Siqueira, Ailson Leme. «A Meca do boxe nacional» 
  6. «1982 X 2002». Folha de S.Paulo. 13 de outubro de 2002. Consultado em 7 de junho de 2025 
  7. «O ótimo ano das seleções de vôlei». GloboEsporte.com. 7 de dezembro de 2003. Consultado em 7 de junho de 2025 
  8. Almeida, Orlando de (23 de janeiro de 1983). «Pirelli vai investir 110 milhões em 83». Folha de S.Paulo 
  9. a b c d Serapicos, Mário; Sormani, Fábio Rocco (28 de janeiro de 1983). «Pirelli é mais vôlei». Placar 662 ed. pp. 62–65. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  10. a b Ferreira, Antonio (7 de janeiro de 2016). «Santo André: De capital do esporte a coadjuvante». Portal Revista Republica. Consultado em 7 de junho de 2025 
  11. Santos, Cida (28 de março de 1994). «Torcedores abandonados». Folha de S.Paulo. Consultado em 7 de junho de 2025 
  12. Siviero, Samir (23 de outubro de 2001). «UniABC compra o clube da Pirelli para fazer faculdade». Diário do Grande ABC. Consultado em 7 de junho de 2025 
  13. Junior, João Batista (23 de fevereiro de 2017). «A história diz: ganhar o sul-americano é (quase) obrigação dos brasileiros». UOL. Consultado em 7 de junho de 2025 
  14. a b c d e «Campeonato Paulista Masculino começa nesta quarta-feira». Federação Paulista de Volleyball. 7 de agosto de 2012. Consultado em 7 de junho de 2025. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2025 
  15. «PERFIL-José Carlos Brunoro». Folha de S.Paulo. 24 de abril de 1997. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  16. «Renan tenta conquista título para cariocas depois de 17 anos». UOL. 4 de abril de 1998. Consultado em 5 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 3 de janeiro de 2019 
  17. a b c «Placar Magazine - Nº 712 - Pág.71». Placar. 13 de janeiro de 1984. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  18. «Sem tempo para comemorar». Placar 966 ed. 9 de dezembro de 1988. p. 34. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  19. a b c d «Ranking - Piso». CSV (em espanhol). Consultado em 5 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2015 
  20. a b «1983-2008: De la Copa Intercontinental de Clubes al World Challenge». Somos Vòley. 9 de setembro de 2008. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  21. «História de Um Atleta Campeão». Blog da Floresta. 24 de maio de 2016. Consultado em 5 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2019 
  22. a b «Placar Magazine - Nº 763 - Pág.58». Placar. 4 de janeiro de 1985. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  23. «Construção Ginásio de Esportes Pirelli». ARC Engenharia. 14 de novembro de 1986. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  24. «Placar Magazine - Nº 852 - Pág.77». Placar. 22 de setembro de 1986. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  25. a b «Placar Magazine - Nº 979 - Pág. 36». Placar. 17 de março de 1989. Consultado em 7 de janeiro de 2019 
  26. «Superliga Masculina 2005/2006». UOL. 2006. Consultado em 7 de janeiro de 2019 
  27. «Folha ABCD-Vôlei-William é atração na estréia do Rhodia/Pirelli- Página 05-Campeonato vai até outubro». Folha de S.Paulo. 18 de junho de 1993. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  28. «Superliga Feminina 2005/2006». UOL. 2006. Consultado em 7 de janeiro de 2019 
  29. «Ranking - Piso». CSV (em espanhol). Consultado em 4 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2015 
  30. «Placar Magazine - Nº 676 - Págs.60». Placar. 6 de maio de 1983. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  31. «Placar Magazine- Págs.40». Placar. 6 de julho de 1984. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  32. a b c d e «Relatório da Diretoria 2016» (PDF). Federação Paulista de Basketball 
  33. Bittencourt, Dérek (13 de março de 2019). «Basquete se despede de Laís Elena Aranha». Diário do Grande ABC. Consultado em 7 de junho de 2025 
  34. «Lais Elena Aranha despede-se das quadras de basquete». Federação Paulista de Basketball. 6 de abril de 2015. Consultado em 7 de junho de 2025 
  35. Relatório da Diretoria FPB de 1975 - Página 114
  36. «Placar Magazine - Nº 685 - Pág.69». Placar. 8 de julho de 1983. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
  37. «Folha ABCD-Vôlei-William é atração na estréia do Rhodia/Pirelli- Página 04-Campeonato vai até outubro». Folha de S.Paulo. 18 de junho de 1993. Consultado em 6 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 3 de janeiro de 2018 
  38. «Jose Montanaro Jr. - Superação de Desafios / Mudanças Presença Vi». Grandes Profissionais. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  39. a b «Placar Magazine - Nº 829 - Pág.72». Placar. 14 de abril de 1986. Consultado em 5 de janeiro de 2019 
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  41. a b «Paulista 2010: Pinheiros/Mackenzie e Vôlei Futuro, uma decisão equilibrada». FPV. 7 de dezembro de 2010. Consultado em 6 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 6 de janeiro de 2019