Bona de Bourbon

Bona
Regente de Saboia
Bona de Bourbon
Ilustração de 1827 de autoria desconhecida.
Condessa de Saboia
Reinado Setembro de 1355 – 1 de março de 1383
Antecessor(a) Iolanda Paleóloga de Monferrato
Sucessor(a) Bona de Berry
 
Nascimento c. 1340/41 ou 1342
Morte 19 de janeiro de 1402
  Castelo de Mâcon, (atualmente em Borgonha-Franco-Condado, França)
Sepultado em Convento dos Cordeliers de Champaigue, Souvigny, Auvérnia-Ródano-Alpes, França
Cônjuge Amadeu VI de Saboia
Descendência Amadeu VII de Saboia
Casa Bourbon
Saboia (por casamento)
Pai Pedro I de Bourbon
Mãe Isabel de Valois
Religião Igreja Católica
Brasão

Bona de Bourbon, conhecida como A Grande Senhora (Madame La Grande) (em francês: Bonne; c. 1340/41 ou 1342 – Castelo de Mâcon, 19 de janeiro de 1402)[1][2] foi condessa de Saboia pelo seu casamento com Amadeu VI de Saboia. Ela serviu como regente de 1366 a 1367 durante a ausência do marido, e novamente em 1383 ao lado do filho, Amadeu VII, após a morte de Amadeu VI. Também foi regente em nome do neto, Amadeu VIII, de 1391 a 1395.

Família

Bona foi a terceira filha e quarta criança nascida do duque Pedro I de Bourbon e de Isabel de Valois.

Os seus avós paternos eram Luís I de Bourbon (neto do rei Luís IX de França) e Maria de Avesnes. Os seus avós maternos eram Carlos de Valois e Matilde de Châtillon, sua segunda esposa. Carlos era filho de Filipe III de França, que era filho de Luís IX.

Ela teve três irmãos mais velhos: Luís II de Bourbon, marido de Ana de Forez, Joana, rainha consorte de Carlos V de França, e Branca, primeira esposa de Pedro I de Castela, que pode ter assassinado Branca. Além destes, também teve quatro irmãs mais novas: Catarina, esposa do conde João VI de Harcourt, Margarida, esposa do senhor Arnaldo Amanieu d'Albret, Isabel, e Maria, abadessa no Priorado de São Luís de Poissy.

Biografia

Imagem de Bona.

Bona ficou noiva do conde Amadeu VI de Saboia, filho de Aimão de Saboia e de Iolanda Paleóloga de Monferrato, como parte do Tratado de Paris, assinado em 1355, entre o conde de Saboia e o então delfim de França, o futuro rei Carlos V, que era casado com Joana, irmã de Bona. Antes disso, Amadeu já tinha sido noivo de Margarida da Boêmia, filha de Carlos IV do Sacro Império Romano-Germânico, e por fim foi noivo de Joana, filha de Filipe I, Duque da Borgonha. Seu último noivado com Joana se tornou um problema para o Reino da França, pois o rei não queria que Borgonha fosse influenciada por Saboia, o que resultou no Tratado de Paris que uniu Bona e Amadeu em matrimônio.[3]

Pintura não contemporânea do século XVI de Amadeu VI por artista desconhecido.

O contrato foi assinado no Hôtel Saint-Pol, em agosto de 1355, em Paris, onde aconteceu o casamento por procuração,[4][1][5] no qual o cavaleiro Guillaume de La Baume fez o papel do noivo em nome de Amadeu. Após o casamento, Bona seguiu para Saboia, numa viagem a cavalo que durou 12 dias. O conde, aliado do rei João II, então, deixa o seu exército, para esperar por Bona na cidade de Pont-de-Veyle.[4] Os dois se casam pessoalmente em setembro, na cidade de Chambéry, em Saboia, quando a noiva tinha entre 13 a 15 anos, e o noivo tinha 21. O dote incluía o valor de três mil florins por ano.[6] O casal se dirige para o Castelo de Bourget, onde o conde dá grandes festas.[7]

Imediatamente após o casamento, contudo, o conde se viu obrigado a voltar para o seu exército, ainda envolvido na Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra.[6]

Em 1363, o rei João II confirmou pagamentos relacionados ao dote de Bona.[1]

Segundo um autor antigo, a condessa de Saboia era "um ornamento de seu século, e sua bondade a fazia ser admirada em todas as ocasiões."[5]

Primeira regência

Em 1366, quando Amadeu partiu para participar duma cruzada na Bulgária, ele nomeou Bona como regente em seu lugar, e que ela deveria ser aconselhada pelo seu conselho.[6] Em 1367, o senhor Jaime de Piemonte, primo do conde de Saboia, faleceu. Assim, houve uma disputa pela sua herança entre seu filho mais velho, Filipe II de Piemonte, e sua viúva, Margarida de Beaujeu, que representava os interesses de seus filhos, Amadeu e Luís, os meio-irmãos de Filipe II. A condessa Bona, agindo como regente, apenas conseguiu evitar uma guerra aberta entre os familiares. Ela não foi capaz de resolver a disputa, e Filipe teve de ir encontrar-se com Amadeu VI em Veneza, para tentar achar uma solução.[6]

A condessa adorava os lagos das montanhas dos Alpes de Saboia, e tentava garantir que os castelos em que se hospedava tinham uma boa vista para as paisagens. Em 1371, Bona supervisionou a construção do Castelo de Ripaille, em Thonon-les-Bains, pois procurava construir uma mansão que acomodasse facilmente a corte maior do conde de Saboia. O novo castelo possuía grandes janelas com vista para o Lago Léman.[6]

A condessa também era uma grande mecenas da música, e era conhecida por tocar a harpa com habilidade.[6]

Em julho de 1382, Bona estava ficando sem recursos para financiar as guerras contínuas do esposo na Itália, portanto, ela acabou vendendo algumas de suas joias que equivaliam a mais de 400 florins florentinos para ajudá-lo a se reequipar.[6]

Segunda regência

Pintura não contemporânea do século XVIII no Castelo Real de Racconigi de Amadeu VII por artista desconhecido.

Amadeu VI faleceu em 1 de março de 1383, em Castropignano, no Reino de Nápoles. No seu testamento, ele deixou a administração do país para a esposa, apesar do filho mais velho do casal, Amadeu VII, ter mais de 20 anos na época. Com o apoio do conselho, liderado por Luís de Cossonay e composto por vários dos aliados da condessa, tais como Otão de Grandson, Bona governou Saboia no nome do filho.

Segundo Max Bruchet, uma das coisas que o conselho temia na época era a influência crescente de príncipes franceses sobre Saboia. Um exemplo disso era que João, o duque de Berry, tinha casado sua filha, Bona, com Amadeu VII, e o seu neto e o de Bona, Amadeu VIII, um dia governaria o condado. O jovem Amadeu também estava noivo de Maria da Borgonha, filha do duque da Borgonha, Filipe II; tanto o duque de Berry quanto o duque da Borgonha eram filhos de João II de França, e irmãos mais novos de Carlos V. Os duques também agiam como regentes do sobrinho, Carlos VI.

Terceira regência

Após a morte do filho em 1391, Bona se tornou a regente mais uma vez em nome do neto, até 1393. No entanto, sua influência chegou ao fim quando o médico de Amadeu VII – que pode ter sido responsável pela sua morte – que foi recomendado por Bona,[8] acusou a condessa de encomendar a morte do filho, em 1395. Os duques da Borgonha e Berry também acusaram vários membros do conselho de terem sido cúmplices do assassinato. Portanto, Bona foi então dispensada da regência e dos cuidados do neto, Amadeu VIII. Contudo, o provável é que os nobres desejavam remover do poder a regente e seu aliado, Otão de Grandson.[9]

A condessa viúva faleceu em 19 de janeiro de 1402, no Castelo de Mâcon, e foi enterrada no Convento dos Cordeliers de Champaigue, em Souvigny.[10]

Descendência

  • Menina (n. e m. setembro de 1358);
  • Amadeu VII de Saboia (24 de fevereiro de 1360 – 1 de novembro de 1391), sucessor do pai. Foi o primeiro marido de Bona de Berry com quem teve três filhos. Também teve dois filhos ilegítimos, Humberto e Joana;
  • Luís de Saboia (1362 – 1365).

Ascendência

Ancestrais de Bona de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32. Luís VIII de França
 
 
 
 
 
 
 
16. Luís IX de França
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33. Branca de Castela
 
 
 
 
 
 
 
8. Roberto de França, conde de Clermont
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34. Raimundo Berengário IV da Provença
 
 
 
 
 
 
 
17. Margarida da Provença
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35. Beatriz de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
4. Luís I de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36. Hugo IV, Duque da Borgonha
 
 
 
 
 
 
 
18. João de Borgonha, Conde de Charolais
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37. Iolanda de Dreux
 
 
 
 
 
 
 
9. Beatriz de Borgonha, Senhora de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38. Arcambaldo IX de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
19. Inês de Bourbon-Dampierre
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39. Iolanda de Châtillon
 
 
 
 
 
 
 
2. Pedro I de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40. Bucardo IV de Avesnes
 
 
 
 
 
 
 
20. João I, Conde de Hainaut
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41. Margarida II da Flandres
 
 
 
 
 
 
 
10. João II da Holanda
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42. Florêncio IV da Holanda
 
 
 
 
 
 
 
21. Adelaide da Holanda
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43. Matilde de Brabante
 
 
 
 
 
 
 
5. Maria de Avesnes
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44. Waleran III de Limburgo
 
 
 
 
 
 
 
22. Henrique V do Luxemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45. Ermesenda do Luxemburgo
 
 
 
 
 
 
 
11. Filipa de Luxemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46. Henrique II de Bar
 
 
 
 
 
 
 
23. Margarida de Bar
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47. Filipa de Dreux
 
 
 
 
 
 
 
1. Bona de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48. Luís VIII de França
 
 
 
 
 
 
 
24. Luís IX de França
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49. Branca de Castela
 
 
 
 
 
 
 
12. Filipe III de França
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50. Raimundo Berengário IV da Provença
 
 
 
 
 
 
 
25. Margarida da Provença
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51. Beatriz de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
6. Carlos de Valois
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52. Pedro II de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
26. Jaime I de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53. Maria de Montpellier
 
 
 
 
 
 
 
13. Isabel de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54. André II da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
27. Iolanda da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55. Iolanda de Courtenay
 
 
 
 
 
 
 
3. Isabel de Valois
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56. Hugo I de Châtillon
 
 
 
 
 
 
 
28. Guido II de Saint-Pol
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57. Maria, Condessa de Blois
 
 
 
 
 
 
 
14. Guido IV de Saint-Pol
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58. Henrique II de Brabante
 
 
 
 
 
 
 
29. Matilde de Brabante
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59. Maria da Suábia
 
 
 
 
 
 
 
7. Matilde de Châtillon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60. João I, Duque da Bretanha
 
 
 
 
 
 
 
30. João II, Duque da Bretanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61. Branca de Navarra
 
 
 
 
 
 
 
15. Maria da Bretanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62. Henrique III de Inglaterra
 
 
 
 
 
 
 
31. Beatriz de Inglaterra
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63. Leonor da Provença
 
 
 
 
 
 

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Referências

  1. a b c «BOURBON». Foundation for Medieval Genealogy 
  2. «Bonne de Bourbon». The Peerage 
  3. «SAVOY». Foundation for Medieval Genealogy 
  4. a b Guichenon, Samuel (1660). Histoire généalogique de la Royale Maison de Savoie ou Histoire généalogique de la Royale Maison de Savoie justifiée par titres, fondations de monastères, manuscrits, anciens monuments, histoires, et autres preuves authentiques. [S.l.: s.n.] p. 396-429 
  5. a b Bearne, Catherine. Pictures of the Old French Court. [S.l.]: Outlook Verlag. p. 11. 220 páginas 
  6. a b c d e f g Cox, Eugene L. (1967). The Green Count of Savoy. Princeton: Princeton University Press. p. 105;119;206;236–237, 242–243;287–289;332 
  7. de Saint-Genis, Victor Fleur (1868). Histoire de Savoie. Chambéry: [s.n.] p. 362 
  8. Dormandy, John (2018). A History of Savoy Gatekeeper of the Alps. [S.l.]: Fonthill Media. 368 páginas 
  9. Collard, Frank (2008). The Crime of Poison in the Middle Ages. [S.l.]: Bloomsbury Publishing. p. 229. 312 páginas 
  10. «Bonne de Bourbon». Find a Grave 
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